RESPUBLICA EUROPEIA

Direito Comunitário e Assuntos Europeus. Por João Pedro Dias

Archive for Março 2006

Comissão Europeia e a «golden-share» do Estado na PT

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A Comissão Europeia vai, terça-feira, pedir a Portugal para abandonar os «direitos especiais» (golden share) que detém na Portugal Telecom (PT), dando dois meses a Lisboa para resolver o assunto antes de recorrer ao Tribunal de Justiça. Segundo fonte comunitária, o colégio de comissários europeus, reunido em Estrasburgo na próxima terça-feira, deverá formalizar a decisão através do envio de um «parecer fundamentado» no qual Lisboa é «solicitada oficialmente» a alterar a situação privilegiada do Estado na PT. Esta decisão significa o início da segunda fase do processo de infracção iniciado em 14 de Dezembro do ano passado com o envio, na altura, de um pedido oficial de explicações. A mesma fonte disse ainda que, depois de analisar a resposta das autoridades portuguesas, a Comissão Europeia mantém a sua opinião de que os «direitos especiais» funcionam como um desincentivo ao investimento estrangeiro, o que viola as regras comunitárias. Os serviços do comissário europeu responsável pelo Mercado Interno e Serviços, Charlie McCreevy, defendem que os direitos especiais detidos pelo Estado e entidades públicas na PT vão contra as regras do Tratado da Comunidade Europeia no que respeita à livre circulação de capitais e direito de estabelecimento no território europeu. Entretanto, o primeiro-ministro, José Sócrates, renovou quarta-feira, na Assembleia da República, a garantia de que o Governo irá manter os direitos especiais que tem na PT. [Via TSF, com a devida vénia]
A notícia acabada de transcrever, a confirmar-se, vai ao encontro do que parte assinalável da doutrina já havia identificado: a desconformidade da golden-share detida pelo Estado português na PT com o ordenamento jurídico comunitário, desde logo com o Tratado fundacional da Comunidade Europeia. Entenderá a Comissão Europeia – como já o entende essa mesma doutrina – que a manutenção de acções privilegiadas viola princípios estruturantes do ordenamento jurídico comum, em especial os da livre circulação de capitais e da liberdade de estabelecimento (para além de outros). Não se pretendendo antecipar qualquer tipo de julgamento ou prognosticar em que sentido o mesmo apontará, não deixa de ser verdade que quem prestar alguma atenção à corrente jurisprudencial dominante no Tribunal de Justiça não deverá ter grandes dúvidas sobre o julgamento final do mérito da causa. O governo português também não deverá ter dúvidas a esse respeito. Interessante vai ser seguir com atenção os passos seguintes a dar pelas autoridades nacionais – desde logo a resposta que fornecerão à autoridade administrativa comunitária. Por aí se verá, logo, se se conformarão com uma resolução extra-judicial do diferendo ou se apostarão tudo na via contenciosa. Será, assim, uma questão de escolha de meios. Porque quanto ao resultado final da contenda, dúvidas não devem existir….

Written by Joao Pedro Dias

31 Março 2006 at 6:45 pm

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Sérvia promete entregar Mladic e UE vai continuar …

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Sérvia promete entregar Mladic e UE vai continuar a negociar com Belgrado. Carla del Ponte diz que a Sérvia se comprometeu a entregar Ratko Mladic o mais rapidamente possível. Uma notícia que levou a Comissão Europeia a decidir prosseguir o acordo de estabilização e associação com Belgrado.Esta sexta-feira, a procuradora-geral do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia apresentou ao comissário para o Alargamento, Olli Rehn, o relatório, no qual dá conta de “progressos na cooperação de Belgrado” com o TPI. Sem cooperação, a União Europeia tinha ameaçado adiar a próxima ronda de negociações da antiga república jugoslava.Na passada quarta-feira, a procuradora-geral reuniu-se com o governo Sérvio. O primeiro-ministro, Vojislav Kostunica, comprometeu-se a localizar, deter e transferir para o TPI, “sem demoras”, o ex-líder militar Ratko Mladic, que, segundo del Ponte, se esconde na própria Sérvia.O general sérvio continua a monte, assim como o seu líder político, Radovan Karadzic. Os dois homens são acusados de genocídio e de crimes contra a humanidade, cometidos durante a guerra interétnica que atingiu esta antiga república jugoslava nos anos de 1990.Assim, na próxima quarta-feira, Belgrado e Bruxelas voltam a sentar-se à mesma mesa para discutirem o futuro da Sérvia a caminho da União Europeia. [Via Euronews.net, com a devida vénia]

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31 Março 2006 at 4:36 pm

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Washington apela a Bruxelas para que trate Microso…

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31 Março 2006 at 4:32 pm

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Bulgária altera lei fundamental para combater a co…

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Written by Joao Pedro Dias

30 Março 2006 at 4:27 pm

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Berlusconi recebe forte apoio do PPE na corrida go…

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Berlusconi recebe forte apoio do PPE na corrida governamental. A duas semanas das legislativas italianas, Silvio Berlusconi recebe o apoio do Partido Popular Europeu. Reunidos em congresso, em Roma, os partidos conservadores e democratas-cristãos de toda a Europa manifestaram publicamente o seu apoio à Forza Italia e à UDC, partido que faz coligação com a formação de Sílvio Berlusconi.O chefe de governo italiano não poupou críticas à ao estado da União Europeia. Berlusconi diz que “temos uma Europa que se isola como queriam alguns, que pensa tornar-se uma fortaleza do bem, e que é cega e surda ao que se passa no resto do mundo. Ou, pior ainda”, diz, “antagónica ao que se passa na outra grande democracia que são os Estados Unidos da América.”A visão europeia de Berlusconi é bem acolhida pelos parceiros populares. Mais integração europeia e mais peso político é o que deseja também o líder da bancada popular, no Parlamento Europeu, Hans Gert Pöttering: “Queremos um PPE forte no Parlamento Europeu, queremos um partido forte e quanto mais fortes forem os partidos membros mais forte é o PPE. Por isso estamos a trabalhar para a vitória, aqui em Itália, da Forza Italia e da UDC. Forza Italia e UDC partilham a nossa visão de uma política europeia mais intensa.”No entanto, os dois partidos da coligação estão de relações tensas. Berlusconi acusou Pier Ferdinando Casini, o líder da UDC, de lhe querer roubar votos. Os dois homens não se cruzaram no congresso. [Via Euronews.net, com a devida vénia]

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29 Março 2006 at 4:26 pm

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Bruxelas vai sancionar Espanha pelo caso Endesa/E….

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Written by Joao Pedro Dias

29 Março 2006 at 4:21 pm

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«Num momento em que a ratificação do tratado que e…

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«Num momento em que a ratificação do tratado que estabelece uma Constituição europeia enfrenta sérias dificuldades e se encontra suspensa, este livro fala abertamente de uma Constituição europeia.», Miguel Poiares Maduro in «Nota Prévia» de Constituição Plural – Constitucionalismo e União Europeia.

Partindo da ideia de que é o constitucionalismo que constitui a teoria normativa dominante no discurso jurídico da União Europeia, Miguel Poiares Maduro defende que a forma do poder europeu já é predominantemente constitucional, apesar das dificuldades de ratificação do tratado que estabelece uma Constituição para a Europa.Esse constitucionalismo europeu assenta numa legitimidade plural, entre outras razões porque radica numa pluralidade de fontes constitucionais, o que tem um impacto profundo na natureza do seu modelo constitucional.

A Constituição europeia é muito diferente das Constituições nacionais, não apenas quanto ao seu conteúdo, mas, sobretudo, no que diz respeito aos seus instrumentos de legitimação e de autoridade normativa. Este livro surge numa altura em que a Constituição Europeia enfrenta sérias dificuldades e em que se vai voltar a discutir a mesma.
A Constituição Plural. Constitucionalismo e União Europeia. Miguel Poiares Maduro. Princípia. Edição – 2006. ISBN: 972-8818-59-9

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29 Março 2006 at 1:36 am

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Cronologia comunitária

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Actualizado o ano de 2000!

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28 Março 2006 at 3:09 am

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CE lança debate online sobre futuro da Europa. O f…

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Written by Joao Pedro Dias

27 Março 2006 at 4:18 pm

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CONSELHO EUROPEU. CONCLUSÕES DA PRESIDÊNCIA

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1. A reunião foi precedida de uma alocução de Josep Borrell, Presidente do Parlamento Europeu, a que se seguiu uma troca de impressões.

2. O Conselho Europeu procedeu também a uma troca de pontos de vista com Jean-Claude Trichet, Presidente do Banco Central Europeu, Ernest-Antoine Seillière, Presidente da UNICE, e Cándido Méndez Rodríguez, Presidente da CES, na presença do Presidente do Parlamento Europeu.

3. O Conselho Europeu congratulou-se com a intervenção do Presidente do Governo espanhol em que este deu conta do anúncio de um cessar-fogo permanente por parte do grupo terrorista ETA.

ESTRATÉGIA RELANÇADA DE LISBOA PARA O EMPREGO E O CRESCIMENTO

4. Com base nos ensinamentos retirados dos primeiros cinco anos de implementação da Estratégia de Lisboa, o Conselho Europeu de Março de 2005 decidiu relançar essa estratégia em profundidade. O Conselho Europeu acordou em recentrar as prioridades no emprego e no crescimento de forma consentânea com a Estratégia para o Desenvolvimento Sustentável, mediante uma maior mobilização de todos os recursos nacionais e comunitários adequados. Acordou igualmente num novo ciclo de governação baseado na parceria e na apropriação.

5. Em Hampton Court, os Chefes de Estado ou de Governo imprimiram um novo impulso político à Estratégia relançada, em especial através do relevo dado ao modo como os valores europeus podem apoiar a modernização das nossas economias e das nossas sociedades num mundo globalizado.

6. Por último, o acordo alcançado no Conselho Europeu de Dezembro de 2005 relativamente às Perspectivas Financeiras para 2007¬2013 representou um importante passo em frente no sentido de dotar a União de meios para levar a cabo as suas políticas, nomeadamente as que contribuem para a implementação efectiva da Estratégia de Lisboa renovada. Tendo em conta o exposto, o Conselho Europeu salienta a importância de concluir com a maior brevidade o novo Acordo Interinstitucional, de modo a implementar o acordo do Conselho Europeu de Dezembro de 2005, e de adoptar rapidamente os instrumentos jurídicos necessários.

7. A situação na Europa caracteriza¬se por uma concorrência acrescida vinda do estrangeiro, pelo envelhecimento da população, pelo aumento dos preços da energia e pela necessidade de salvaguardar a segurança energética. Desde o final de 2005 que se assiste a uma recuperação económica gradual, prevendo¬se que o crescimento regresse a níveis próximos do seu potencial em 2006. Prevê¬ se que a UE crie seis milhões de novos postos de trabalho durante o período trienal de 2005¬ 2007, o que contribuirá para que em 2007 o desemprego – que no final de 2004 atingiu um pico de 9% – diminua aproximadamente 1%. No entanto, a maior redução do desemprego, o incremento da produtividade e o aumento do crescimento potencial continuam a ser os desafios essenciais para a União.

8. A preparação para o envelhecimento da população e a ambição de colher todos os benefícios da globalização constituirão os dois principais motores das reformas estruturais. São necessárias mais reformas estruturais para aumentar a competitividade da Europa e apoiar o crescimento, contribuindo assim para um aumento dos padrões de vida e para a criação de novos postos de trabalho. Ao mesmo tempo, a aplicação de políticas macroeconómicas adequadas é fundamental para colher todos os benefícios das reformas estruturais em termos de crescimento e emprego. Aumentando a confiança das empresas e dos consumidores, contribuir¬ se¬ á para elevar de forma duradoura o crescimento até ao seu nível potencial. Uma consolidação orçamental determinada permitirá reforçar ainda mais as condições propícias à criação de empregos e ao crescimento.

9. A recuperação económica proporciona uma excelente oportunidade para prosseguir vigorosamente as reformas estruturais em consonância com os programas nacionais de reforma, bem como para reforçar a consolidação orçamental de acordo com o Pacto de Estabilidade e Crescimento renovado. Neste contexto, a definição de metas e calendários concretos constitui um instrumento útil para acelerar a implementação das reformas previstas e obter melhores resultados em termos de crescimento e emprego.

10. O Conselho Europeu congratula¬ se com a comunicação da Comissão intitulada “Passar a uma velocidade superior”, com os trabalhos efectuados pelo Conselho e com o facto de todos os Estados¬ Membros terem rapidamente elaborado os respectivos programas nacionais de reforma (PNR) baseados nas Orientações Integradas. Estes programas estão orientados para as necessidades próprias e situações específicas dos Estados-Membros. O Conselho Europeu saúda igualmente os progressos registados ao nível do Programa Comunitário de Lisboa.

11. O Conselho Europeu regista a ampla convergência de opiniões que ressalta dos PNR no tocante aos principais desafios. Toma igualmente nota de que os PNR contemplam uma grande variedade de políticas promissoras que devem ser partilhadas e das quais é possível retirar ensinamentos. Todavia, e simultaneamente, o Conselho Europeu regista a opinião da Comissão de que alguns dos PNR poderiam incluir metas e calendários mais concretos e ser mais pormenorizados no que diz respeito às questões da concorrência e da eliminação de entraves ao acesso aos mercados; deveriam também facultar dados mais detalhados sobre os aspectos orçamentais das reformas previstas.

12. Os Estados¬ Membros desenvolveram esforços concretos no sentido de associar à formulação dos respectivos PNR os parlamentos nacionais e os representantes das autoridades regionais e locais, bem como os parceiros sociais e outras partes interessadas da sociedade civil. O Conselho Europeu saúda também as iniciativas tomadas pelo Parlamento Europeu, o Comité das Regiões e o Comité Económico e Social Europeu para incrementar os níveis de apropriação no plano comunitário. O Conselho Europeu incentiva o Comité Económico e Social Europeu e o Comité das Regiões a prosseguirem os seus trabalhos e solicita¬ lhes que apresentem, no início de 2008, relatórios sumários sobre as actividades de apoio à Parceria para o Crescimento e o Emprego.

13. É necessário implicar mais activamente os cidadãos europeus neste processo, para que compreendam melhor de que modo a implementação correcta e atempada das reformas contribuirá para uma maior prosperidade e uma partilha mais equitativa dos seus benefícios. A implementação eficaz da Parceria Renovada para o Emprego e o Crescimento exigirá o contributo e responsabilização activa dos parceiros sociais. Neste contexto, o programa de trabalho plurianual conjunto que recentemente adoptaram constituirá um instrumento valioso. O Conselho Europeu congratula¬ se com a intenção da Presidência Finlandesa de organizar uma Cimeira Social Tripartida.

14. O Conselho Europeu reconhece que o reforço das reformas estruturais é particularmente importante nos Estados¬ Membros da zona euro e salienta a necessidade de uma coordenação política efectiva dentro dessa zona, nomeadamente enquanto requisito para enfrentar mais eficazmente as assimetrias da evolução económica na União Monetária.

15. Encontrando¬ se em vigor os PNR, importa agora manter esta dinâmica, garantindo a sua implementação efectiva, atempada e completa e reforçando, se necessário, as medidas determinadas pelos PNR, em conformidade com o quadro, os procedimentos e as obrigações de apresentação de relatórios definidos pelo Conselho Europeu de Março de 2005 e com as orientações aprovadas em Junho de 2005. Assim, o Conselho Europeu:

– apela aos Estados¬ Membros para que apresentem, no Outono de 2006, relatórios sobre as medidas que tiverem tomado para implementar os respectivos PNR, de acordo com as suas prioridades, tendo em devida conta a avaliação feita pela Comissão e pelo Conselho no âmbito da supervisão multilateral, bem como as acções prioritárias acordadas que a seguir se enunciam, e para que tenham em conta os PNR ao elaborarem os respectivos quadros estratégicos de referência para a coesão;

– convida o Conselho, a Comissão e os Estados¬ Membros a organizarem o intercâmbio de experiências em moldes práticos; e convida a Comissão a prestar especial atenção às acções prioritárias no relatório que deverá submeter ao Conselho Europeu da Primavera de 2007 acerca dos progressos registados na implementação dos PNR, e a propor quaisquer outras medidas que possam ser necessárias.

16. O Conselho Europeu confirma que se mantêm válidas as Orientações Integradas para o Emprego e o Crescimento 2005¬ 2008. Neste quadro, chega a acordo sobre:

– Domínios específicos de acção prioritária nos capítulos do investimento no conhecimento e na inovação, do potencial das empresas, designadamente das PME, e do emprego para categorias prioritárias (cf. parte I), bem como sobre a definição de uma política energética para a Europa (cf. parte II);

– Medidas a tomar a todos os níveis para manter o ritmo em todos os pilares da Parceria para o Crescimento e o Emprego (cf. parte III).

PARTE I
DOMÍNIOS ESPECÍFICOS DE ACÇÃO PRIORITÁRIA

17. O Conselho Europeu acorda nos seguintes domínios específicos de acção prioritária, a implementar até ao final de 2007 no contexto da Parceria Renovada para o Crescimento e o Emprego.

a) Aumentar o investimento no conhecimento e na inovação

18. Dada a importância da I&D para o crescimento futuro e para a resolução de muitos dos problemas que actualmente afectam a nossa sociedade, o Conselho Europeu reitera o compromisso assumido em Barcelona, congratula¬ se com os progressos realizados no sentido de estabelecer metas nacionais específicas e apela a todos os Estados¬ Membros para que promovam políticas e acções que visem a consecução do objectivo global fixado – 3% – até 2010, tendo em conta os diferentes pontos de partida dos Estados¬ Membros (cf. Anexo I). A fim de consagrar mais e melhores recursos à investigação e à inovação, os Estados¬ Membros deverão reorientar as suas despesas públicas para a investigação e a inovação e promover o investimento do sector privado em I&D, graças, designadamente, a uma melhor conjugação dos instrumentos de apoio.

19. O Conselho Europeu preconiza a rápida aprovação do 7.º Programa¬ Quadro de Investigação e Desenvolvimento e do novo Programa para a Competitividade e a Inovação. Apela igualmente à rápida instituição do Conselho Europeu de Investigação, que actuará com base em critérios tendentes a elevar mais ainda o nível de excelência das melhores equipas de investigação da Europa. Deve ser estabelecida uma coordenação mais eficaz entre as actividades desenvolvidas no âmbito do Programa¬ Quadro de Investigação e outras acções europeias e nacionais, a fim de promover parcerias entre o sector público e o sector privado, incluindo iniciativas intergovernamentais como a agência EUREKA.

20. O Conselho Europeu exorta o BEI a apoiar a inovação e a reforçar a sua acção na área da I&D, através de um mecanismo de financiamento com componentes de repartição dos riscos que deverá ser ultimado o mais rapidamente possível. O Conselho Europeu espera que os novos instrumentos financeiros co financiados pelo BEI e pelo orçamento da UE, para o período até 2013, bem como o envolvimento do sector privado, gerem, por efeito de alavanca, EUR 30 mil milhões em capitais de risco e em empréstimos bancários garantidos.

21. Impõe¬ se também impulsionar um ambiente dinâmico, graças à criação de pólos atractivos. O Conselho Europeu convida os Estados¬ Membros a criarem um mercado de trabalho europeu único, aberto e competitivo para os investigadores, ultrapassando, designadamente, os obstáculos que ainda persistem à mobilidade geográfica e intersectorial e melhorando as condições de emprego e de trabalho dos investigadores, e atraindo jovens talentos para as carreiras da investigação. É necessário reforçar a cooperação e a transferência de tecnologia entre a investigação pública e a indústria, tanto no interior como através das fronteiras nacionais, e criar condições para a colocação de investigadores no sector industrial.

22. É possível concretizar uma abordagem global da política de inovação mediante o apoio aos mercados de produtos e serviços inovadores e à excelência a nível da investigação de novas tecnologias, incluindo as tecnologias da informação e da comunicação (TIC) e as eco inovações. Tal implicará, inter alia, a determinação das melhores práticas seguidas nas políticas de inovação, ou seja, daquelas que tenham maior potencial para criar uma verdadeira mais¬ valia e estimular a produtividade. Além disso, é necessário reforçar os laços que existem entre a I&D, os sistemas de inovação e o meio empresarial, por forma a imprimir maior eficácia ao processo de inovação e a encurtar o período necessário para que as inovações amadureçam e sejam transpostas para produtos e serviços comerciais. O Conselho Europeu apela, por conseguinte, à definição de uma estratégia alargada para a Europa no domínio da inovação que traduza em produtos e serviços os investimentos feitos no conhecimento. Neste contexto, o Conselho Europeu toma nota da importância do relatório Aho intitulado “Criar uma Europa inovadora”, e convida a Comissão a ponderar as recomendações nele formuladas e a próxima Presidência a comunicar os progressos realizados antes do final de 2006.

23. A educação e a formação são factores determinantes, não só para o desenvolvimento do potencial de competitividade da UE a longo prazo, como para a coesão social. É também fundamental que se persigam os objectivos de excelência e de inovação a todos os níveis da educação e da formação, inclusivamente através de uma melhor articulação entre o ensino superior, a investigação e as empresas. Além disso, há que acelerar os processos de reforma que deverão conduzir à criação de sistemas educativos de grande qualidade e simultaneamente eficientes e equitativos. Graças à aplicação de estratégias nacionais de aprendizagem ao longo da vida – cada vez mais apoiadas a nível comunitário por programas de educação e formação, tais como o Erasmus e o Leonardo –, todos os cidadãos deverão ser dotados das competências e qualificações de que necessitam. Como forma de promover uma maior mobilidade e um mercado de trabalho eficiente, são necessários progressos ao nível do Quadro Europeu de Qualificações.

24. Os investimentos em educação e formação geram rendimentos elevados, que ultrapassam grandemente os custos e que terão repercussões muito para além de 2010. Deverão, pois, incidir nos sectores com benefícios sociais e económicos mais elevados. A educação e a formação devem ocupar uma posição central na agenda de reforma de Lisboa; neste contexto, será fundamental o Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida 2007¬ 2013. O Conselho Europeu apela aos Estados¬ Membros para que tomem medidas destinadas a facilitar, em conformidade com as práticas nacionais, o acesso das universidades a fontes complementares de financiamento, incluindo fontes privadas, e a eliminar os obstáculos às parcerias públicas privadas com as empresas. Salienta, além disso, o papel crucial das universidades e dos seus investigadores na difusão e transferência dos resultados da investigação à comunidade empresarial e, por conseguinte, a necessidade de desenvolver as aptidões e competências empresariais das pessoas implicadas. O Conselho Europeu aguarda com interesse a apresentação do relatório da Comissão sobre o ensino superior, que tratará, entre outros temas, do triângulo educação¬ investigação¬ inovação e dos elos entre as universidades e a comunidade empresarial.

25. O Conselho Europeu regista a importância de que se reveste a comunicação da Comissão sobre o Instituto Europeu de Tecnologia e continuará a analisar as ideias nela contidas a fim de promover, a par de outras acções, redes e sinergias entre as comunidades de excelência nas áreas da investigação e da inovação na Europa. O Conselho Europeu reconhece que um Instituto Europeu de Tecnologia – com base numa rede de alto nível aberta a todos os Estados¬ Membros – representará um passo importante para preencher o hiato existente entre o ensino superior, a investigação e a inovação, a par de outras acções que promovam redes e sinergias entre as comunidades de excelência nas áreas da investigação e da inovação na Europa. O Conselho Europeu de Investigação deverá desempenhar um papel de liderança neste contexto. O Conselho Europeu solicita, pois, à Comissão que apresente até meados de Junho de 2006 uma proposta de adopção de novas medidas.

b) Libertar o potencial das empresas, em especial das PME

26. Existe consenso quanto à importância global de uma base industrial forte e competitiva na Europa e, em consequência, quanto à necessidade de um conceito moderno e coerente para a indústria transformadora da UE. O Conselho Europeu salienta que importa alcançar o justo equilíbrio entre as abordagens horizontais e sectoriais, remetendo para a necessidade de melhorar a coerência das políticas a fim de se poder beneficiar em maior escala das sinergias potenciais. O Conselho Europeu exorta os Estados¬ Membros a desenvolverem proactivamente estratégias nacionais e a implementarem medidas destinadas a impulsionar a competitividade, a inovação e a produtividade no âmbito de políticas que tenham em conta a dimensão social e respondam às necessidades dos indivíduos no processo de internacionalização e de mudança estrutural.

27. O Conselho Europeu reconhece que é extremamente importante criar um ambiente mais favorável para as empresas, e em especial para as pequenas e médias empresas (PME), que são a espinha dorsal da economia europeia. Ao nível da Comunidade, foram feitos progressos significativos nesse sentido, graças, nomeadamente, à prática da Comissão de realizar avaliações de impacto cuidadosas e equilibradas das novas propostas e ao reforço da dimensão da competitividade nelas previsto, bem como ao programa continuado de simplificação. Para complementar estes esforços a nível nacional, o Conselho Europeu apela aos Estados¬ Membros para que transponham, apliquem e implementem na íntegra a legislação comunitária, a fim de permitir aos consumidores, aos trabalhadores e às empresas usufruir dos benefícios do mercado interno.

28. As PME têm um papel fundamental a desempenhar na criação de crescimento e de melhores empregos na Europa. É necessário definir políticas globais propícias a todos os tipos de PME e criar um ambiente regulamentar simples, transparente e fácil de aplicar. O princípio “pensar primeiro em pequena escala” (“think small first”) deve ser aplicado de forma sistemática e tornar¬ se um princípio orientador de toda a legislação relevante, tanto a nível da Comunidade como no plano nacional. O Conselho Europeu convida, pois, a Comissão a propor disposições específicas para fomentar o crescimento e desenvolvimento das PME, tais como períodos de transição mais longos, encargos reduzidos, exigências de comunicação simplificadas e isenções. O Conselho Europeu espera também que a Comissão continue a ajudar os Estados¬ Membros a tornarem as suas políticas mais favoráveis às PME e a promover o diálogo com todas as partes interessadas.

29. O Conselho Europeu convida a Comissão a lançar um exercício de apreciação dos custos administrativos associados à regulamentação da UE em determinadas áreas, prestando especial atenção às PME e determinando quais os custos que decorrem directamente da legislação da UE e quais os que provêm das diferenças entre os Estados¬ Membros no que se refere à transposição das normas comunitárias. Este exercício deverá ser coordenado com as iniciativas em curso a nível nacional. O Conselho Europeu convida a Comissão a ponderar, nesta base, as possibilidades de fixar metas mensuráveis em sectores específicos com vista a reduzir os encargos administrativos e a informar o Conselho, até ao final de 2006, sobre os progressos realizados. O Conselho Europeu saúda o compromisso da Comissão de reduzir ainda mais a carga que pesa sobre as PME no que diz respeito às estatísticas.

30. Os Estados¬ Membros deverão criar até 2007 um regime de balcão único, ou modalidades de efeito equivalente, para a constituição simples e rápida de empresas. Os Estados¬ Membros deverão tomar as medidas adequadas para reduzir substancialmente o prazo médio para a criação de uma empresa, em especial de uma PME, tendo por objectivo que até ao final de 2007 seja possível fazê¬ lo, em qualquer ponto da UE, no prazo de uma semana. As despesas de arranque devem ser o mais reduzidas possível e a contratação do primeiro empregado não deve envolver mais de um ponto de contacto na administração pública.

31. A Europa precisa de mais empresários com as aptidões necessárias para competirem com êxito nos mercados. O Conselho Europeu sublinha, pois, a necessidade de criar um clima globalmente positivo para a actividade empresarial e condições de enquadramento adequadas, que facilitem e fomentem o empreendedorismo, e convida, assim, os Estados¬ Membros a reforçarem as medidas nacionais nesta matéria proporcionando, designadamente, educação e formação para o empreendedorismo ao nível de ensino apropriado. A comunicação e os meios de comunicação social, bem como os sectores criativos em geral, podem também desempenhar um papel importante na promoção do empreendedorismo e no incentivo à opção por uma carreira empresarial. Além disso, os PNR e os respectivos relatórios deverão fazer explicitamente referência às medidas destinadas a melhorar o ambiente empresarial das PME e a encorajar e habilitar um maior número de pessoas, especialmente mulheres e jovens, a tornarem-se empresários.

32. Para que as pequenas e médias empresas possam crescer, é essencial um mercado financeiro plenamente integrado e um acesso suficiente às fontes de financiamento. Se não for devidamente colmatada, a ausência de financiamento continuará a representar um obstáculo à inovação nas PME. Ao nível da Comunidade, serão disponibilizadas fontes de financiamento através dos instrumentos financeiros no âmbito dos próximos programas comunitários, designadamente o 7.º Programa¬ Quadro e o Programa para a Competitividade e a Inovação (PCI). Além disso, o Conselho Europeu exorta os Estados¬ Membros a utilizarem plenamente as possibilidades oferecidas pelos Fundos Estruturais, através dos instrumentos de financiamento tradicionais e dos novos instrumentos, como por exemplo a iniciativa JEREMIE. Além disso, deve ser consagrada maior atenção às potencialidades das PME em termos de direitos de propriedade intelectual. Acresce ainda que o acesso das PME aos mercados melhorará se lhes for facilitado o acesso aos mercados de contratos públicos e ao processo de normalização e se houver apoio à sua internacionalização.

33. O Conselho Europeu saúda a intenção da Comissão de atender plenamente à necessidade de ponderar, não só a alteração das actuais regras das ajudas estatais com relevância para as PME, mas também a simplificação dos procedimentos administrativos, prevendo nomeadamente isenções mais amplas por categorias, mantendo simultaneamente o objectivo de reduzir as ajudas estatais e de as direccionar melhor. Neste contexto, regista as possibilidades de ajudas ao investimento e ao emprego até EUR 15 milhões para as PME sem necessidade de notificação. Saúda igualmente a intenção da Comissão de analisar a possibilidade de duplicar o montante do limite de minimis, tendo plenamente em conta as consultas em curso, e em consonância com o Tratado e com a actual jurisprudência. De um modo mais geral, tendo em conta os aspectos externos da competitividade, o Conselho Europeu considera que a revisão das ajudas estatais deverá incentivar um elevado nível de investimento na Europa e tornᬠla mais atraente para futuros investimentos.

c) Aumentar as oportunidades de emprego para categorias prioritárias

34. O aumento do emprego na Europa continua a ser uma das grandes prioridades para a reforma. As reformas do mercado de trabalho levadas a efeito nos últimos anos começam a produzir frutos. Um dos objectivos principais consiste em aumentar a participação no mercado de trabalho, em especial dos jovens, das mulheres, dos trabalhadores mais idosos, das pessoas com deficiência e ainda dos migrantes legais e das minorias. Para alcançar estes objectivos, as acções necessárias deverão ser realizadas em estreita cooperação com os parceiros sociais.

35. Tirando partido das melhores perspectivas económicas da Europa para criar mais e melhores empregos, devem agora ser desenvolvidos esforços na implementação da Estratégia Europeia de Emprego e nas três prioridades de acção: atrair para o mercado de trabalho mais pessoas e mantê¬ las em actividade, aumentar a oferta de mão¬ de¬ obra e modernizar os sistemas de protecção social, melhorar a adaptabilidade dos trabalhadores e das empresas e aumentar o investimento em capital humano através de uma melhoria da educação e das competências. Uma melhor organização do trabalho, a qualidade da actividade profissional e a constante actualização das qualificações dos trabalhadores são factores que deverão ser estudados a fim de impulsionar a produtividade laboral.

36. Dada a gradual recuperação económica em curso, é necessário continuar a tomar medidas activas para conseguir aumentar o emprego na Europa em, pelo menos, 2 milhões de postos de trabalho por ano até 2010, como mais um passo para alcançar as metas estabelecidas na Parceria para o Emprego e o Crescimento.

37. O Conselho Europeu insta os Estados¬ Membros a:

– desenvolverem uma abordagem do trabalho baseada no ciclo de vida que facilite transições rápidas entre empregos ao longo da carreira profissional e conduza a um aumento do número total de horas de trabalho na economia, bem como a uma maior eficiência do investimento em capital humano;

– prosseguirem a transição para políticas activas e preventivas, incentivando e ajudando as pessoas a encontrar um emprego remunerado;

– orientarem melhor as medidas dirigidas aos que têm baixas qualificações e remunerações reduzidas, em especial os que estão à margem do mercado de trabalho.

38. É urgente melhorar a situação dos jovens no mercado de trabalho e reduzir significativamente o desemprego entre a juventude. Para o efeito, o Conselho Europeu sublinha que, em consonância com a meta acordada para 2010, há que intensificar os esforços no sentido de reduzir o abandono escolar para 10% e de assegurar que pelo menos 85% dos jovens com 22 anos tenham concluído o último ciclo do ensino secundário. Até ao final de 2007, a todos os jovens que saiam da escola e estejam desempregados deve ser oferecido um emprego, uma aprendizagem, formação complementar ou outra medida que favoreça a empregabilidade, no prazo de seis meses e, até 2010, no prazo máximo de quatro meses.

39. A fim de encorajar os trabalhadores mais idosos a manterem¬ se durante mais tempo em actividade, o Conselho Europeu sublinha que devem ser implementadas estratégias de envelhecimento activo. Neste contexto, há que contemplar a criação de incentivos ao prolongamento da vida activa, à reforma progressiva, ao trabalho a tempo parcial e à melhoria da qualidade do trabalho, bem como de incentivos orientados para garantir que o número de trabalhadores mais idosos que participam em acções de formação aumente muito mais rapidamente do que a mão¬ de¬ obra no seu conjunto.

40. Reconhecendo que as políticas no domínio da igualdade entre os sexos são vitais para o crescimento económico, a prosperidade e a competitividade, o Conselho Europeu sublinha que chegou o momento de assumir a nível europeu um firme compromisso no sentido de implementar políticas destinadas a promover o emprego das mulheres e garantir um maior equilíbrio entre vida profissional e familiar. Para o efeito, o Conselho Europeu aprova o Pacto Europeu para a Igualdade entre os Sexos (cf. Anexo II) e acorda em que deve ser reforçada a disponibilidade de estruturas de qualidade para a guarda de crianças, em consonância com os objectivos nacionais de cada Estado¬ Membro.

41. O Conselho Europeu sublinha a necessidade de que os PNR definam, de forma mais sistemática, estratégias políticas abrangentes destinadas a melhorar a adaptabilidade dos trabalhadores e das empresas. Neste contexto, o Conselho Europeu solicita aos Estados¬ Membros que prestem especial atenção ao desafio¬ chave da “flexigurança” (equilíbrio entre flexibilidade e segurança): a Europa deve explorar as interdependências positivas entre competitividade, emprego e segurança social. Por conseguinte, convidam¬ se os Estados¬ Membros a, de acordo com a situação dos respectivos mercados de trabalho, prosseguirem as reformas do mercado de trabalho e das políticas sociais no âmbito de uma abordagem integrada de “flexigurança”, devidamente adaptada aos contextos institucionais específicos e que atenda à segmentação do mercado de trabalho. Neste contexto, a Comissão, juntamente com os Estados¬ Membros e os parceiros sociais, explorará o desenvolvimento de um conjunto de princípios comuns no domínio da “flexigurança”. Estes princípios poderão constituir uma referência útil para a criação de mercados de trabalho mais abertos e reactivos e de locais de trabalho mais produtivos.

42. O Conselho Europeu regista também a proposta da Comissão no sentido de ser criado um Fundo Europeu de Adaptação à Globalização, acessível a todos os Estados-Membros e destinado a fornecer apoio suplementar a trabalhadores que tenham perdido o emprego na sequência de importantes alterações estruturais no mercado mundial e ajudᬠlos nos seus esforços de reconversão e de procura de emprego, e convida o Conselho, o Parlamento Europeu e a Comissão a tomarem as medidas adequadas para que esse Fundo entre em funcionamento o mais brevemente possível, de preferência em 1 de Janeiro de 2007.

PARTE II
POLÍTICA ENERGÉTICA PARA A EUROPA

43. O Conselho Europeu regista que a Europa enfrenta uma série de desafios no domínio da energia: a persistência das dificuldades nos mercados do petróleo e do gás, a crescente dependência das importações e a limitada diversificação conseguida até ao momento, os preços elevados e voláteis da energia, a crescente procura de energia a nível global, os riscos de segurança que afectam os países produtores e de trânsito, bem como as rotas de transporte, as ameaças cada vez maiores das alterações climáticas, os lentos progressos na eficiência energética e na utilização das energias renováveis, a necessidade de uma maior transparência dos mercados energéticos e de uma maior integração e interconexão dos mercados energéticos nacionais na iminência da liberalização do mercado da energia (Julho de 2007), bem como a limitada coordenação entre os intervenientes neste sector num momento em que são necessários grandes investimentos nas infra-estruturas energéticas. Deixar estes desafios sem resposta terá um impacto directo no ambiente, e no potencial de crescimento e criação de emprego da UE.

44. Em resposta a estes desafios e com base no Livro Verde da Comissão “Estratégia europeia para uma energia sustentável, competitiva e segura” – documento muito bem articulado – e no contributo do Conselho, o Conselho Europeu apela à definição de uma política energética para a Europa, a fim de garantir que haja uma política comunitária eficaz, coerência entre os Estados-Membros e congruência das acções nos diversos domínios de intervenção, e que sejam alcançados de forma equilibrada os três objectivos da segurança do abastecimento, da competitividade e da sustentabilidade ambiental.

45. O Conselho Europeu sublinha que, a fim de alcançar esta congruência tanto nas políticas internas como nas políticas externas da UE, a política energética deve satisfazer as necessidades de muitos domínios de acção. Enquanto componente de uma estratégia de crescimento e através de mercados abertos e competitivos, este sector estimula o investimento, o desenvolvimento tecnológico e o comércio interno e externo. Está firmemente relacionado com a política ambiental e estreitamente ligado ao emprego, à política regional e, em especial, à política dos transportes. Por outro lado, os aspectos da política externa e de desenvolvimento estão a adquirir uma importância cada vez maior na promoção dos objectivos em matéria de política energética junto dos outros países. Por conseguinte, o Conselho Europeu apela a uma coordenação reforçada entre as formações pertinentes do Conselho, e convida a Comissão Europeia a ter em conta os princípios da “melhor regulamentação” quando preparar futuras acções.

46. Esta política energética para a Europa deverá ser definida com base num conhecimento e compreensão adequados das necessidades e políticas dos Estados-Membros neste domínio, tendo sempre presente o papel estratégico do sector da energia. Deverá, por conseguinte, basear-se em perspectivas comuns sobre a oferta e a procura a longo prazo e numa avaliação objectiva e transparente das vantagens e inconvenientes das várias fontes de energia, bem como contribuir de forma equilibrada para os seus três objectivos principais:

a) Aumentar a segurança do abastecimento:

• Desenvolvendo uma abordagem comum da política externa favorável aos objectivos da política energética, e fomentando diálogos neste domínio entre a UE e os Estados-Membros, por um lado, e, por outro, os seus principais parceiros, sejam eles países produtores, de trânsito ou consumidores, em sinergia com as organizações internacionais pertinentes;


• Intensificando a diversificação das fontes, tanto externas como endógenas, dos fornecedores e das rotas de transporte, mediante o investimento nas infra-estruturas necessárias, incluindo as instalações de GNL;

• Garantindo abordagens operacionais comuns para resolver situações de crise, num espírito de solidariedade e tendo em conta a subsidiariedade;

b) Assegurar a competitividade das economias europeias e uma oferta energética a preços acessíveis, em benefício tanto das empresas como dos consumidores, num quadro regulamentar estável:

• Colaborando com os Estados¬ Membros no sentido de concluir a abertura do mercado interno da electricidade e do gás a todos os consumidores até meados de 2007, admitindo ao mesmo tempo as circunstâncias especiais de alguns Estados¬ Membros pequenos e isolados;


• Garantindo a implementação plena, efectiva e transparente da legislação relativa ao mercado interno, que deverá também desempenhar um papel fundamental para a segurança do abastecimento;

• Promovendo abordagens semelhantes à do mercado interno da energia junto dos países vizinhos e reforçando a coordenação e o papel dos reguladores da energia;

• Acelerando o desenvolvimento da cooperação energética regional no âmbito da UE, facilitando a integração dos mercados regionais no mercado interno da UE, bem como o desenvolvimento deste último, prestando especial atenção aos países e regiões particularmente isolados do mercado energético da UE;


• Promovendo o desenvolvimento rápido e coerente da armazenagem e das infra-estruturas, em especial das interconexões de gás e electricidade, com o objectivo, relativamente à electricidade, de atingir um nível de interconexão de pelo menos 10% da capacidade de produção instalada dos Estados-Membros, devendo as necessidades de financiamento, tal como acordado em 2002 pelo Conselho Europeu de Barcelona, ser cobertas principalmente pelas empresas envolvidas;

• Procedendo à revisão das directivas e do quadro jurídico em vigor, a fim de acelerar os procedimentos administrativos de autorização para os projectos de investimento, e desenvolver um contexto regulamentar mais propício a esses projectos;

c) Promover a sustentabilidade ambiental:

• Reforçando a liderança da UE, através da adopção de um plano de acção ambicioso e realista para a eficiência energética, tendo em mente o potencial de poupança de energia da UE – de acordo com as estimativas da Comissão, 20% até 2020 – e tendo em conta as medidas já implementadas pelos Estados¬ Membros;


• Reforçando a liderança da UE, continuando a desenvolver as energias renováveis a nível da UE (roteiro), com base numa análise da Comissão sobre a forma de alcançar as actuais metas (2010) e de manter com uma boa relação custo-eficácia os actuais esforços numa perspectiva a longo prazo, por exemplo contemplando a possibilidade de aumentar, até 2015, a componente de energias renováveis – tendo em vista uma meta de 15% – e a proporção dos biocombustíveis – na perspectiva de uma meta de 8% –, bem como elaborando uma estratégia de médio e longo prazo para reduzir a dependência da UE das importações de energia de forma a concretizar os objectivos da Estratégia para o Crescimento e o Emprego, tendo em conta os problemas das ilhas ou regiões muito isoladas em relação ao mercado energético da UE;

• Implementando o Plano de Acção Biomassa;

• No contexto do desenvolvimento da estratégia da UE de médio e longo prazo para combater as alterações climáticas, completando a revisão do regime comunitário de comércio de licenças de emissão, enquanto instrumento para alcançar os objectivos no domínio das alterações climáticas com uma boa relação custo¬ eficácia, oferecendo aos investidores segurança a médio e longo prazo, e avaliando o potencial de vários sectores no que se refere a estes objectivos;


• Assegurando um apoio adequado à eficiência energética, às energias sustentáveis e às tecnologias pouco poluentes por parte dos instrumentos nacionais e comunitários no domínio da investigação, desenvolvimento e demonstração.

47. Na prossecução destes objectivos principais, a política energética para a Europa deverá:

• garantir a transparência e a não discriminação nos mercados;


• ser coerente com as regras da concorrência;

• ser coerente com as obrigações de serviço público;

• respeitar plenamente a soberania dos Estados-Membros em relação às fontes de energia primária e à escolha do leque energético.

48. O Conselho Europeu convida a Comissão Europeia e o Alto Representante a colaborarem estreitamente no que respeita à importante questão das relações externas no domínio da energia e a prestarem um contributo para a elaboração de uma estratégia da UE que possa ser debatida na próxima reunião do Conselho Europeu.

49. O Conselho Europeu congratula¬ se com a intenção da Comissão de apresentar periodicamente, a partir de 2007, um balanço estratégico no domínio da energia, que tratará em especial das finalidades e acções necessárias para a política externa da energia a médio e a longo prazo. Nessa mesma ocasião, os Estados-Membros poderão dar conta de acções de interesse europeu. Os debates preparatórios deverão ter lugar nos últimos meses de 2006.

50. O Anexo III enumera uma série de eventuais acções susceptíveis de contribuir para os objectivos acima expostos. Ao decidir sobre as novas acções, haverá que agir em sinergia com os trabalhos efectuados pelas instituições, fóruns, mecanismos ou processos internacionais existentes. Neste contexto, o Conselho Europeu convida a Comissão e o Conselho a prepararem um conjunto de acções, acompanhado de um calendário claro e que permita a adopção de um plano de acção com hierarquização de prioridades, a aprovar pelo Conselho Europeu na sua sessão da Primavera de 2007.

51. Dada a urgência dos desafios a enfrentar, o Conselho Europeu convida a Comissão a começar pelas seguintes medidas:


– Apresentar um plano de acção sobre eficiência energética até meados de 2006

– Implementar o Plano de Acção Biomassa

– Elaborar um plano de interconexões prioritárias e facilitar a realização de projectos prioritários de infra-estruturas que contribuam para a diversificação da oferta e a integração dos mercados regionais no mercado interno da UE, tendo em conta o papel primordial das empresas envolvidas

– Tornar o diálogo UE-Rússia mais eficaz, inclusive no que respeita à ratificação da Carta da Energia e à celebração do Protocolo sobre trânsito durante a presidência russa do G8

– Definir uma estratégia destinada a alargar a países vizinhos a abordagem do mercado interno da energia

– Velar por que o 7.º Programa–Quadro confira à energia a devida prioridade

– Iniciar a análise das perspectivas da oferta e da procura a longo prazo

– Aumentar a transparência do mercado da energia, em especial no tocante aos dados sobre as capacidades de armazenagem de gás e as existências de petróleo.

PARTE III
MANTER O RITMO A TODOS OS NÍVEIS

a) Garantir a solidez e a sustentabilidade das finanças públicas

52. Actualmente, doze dos Estados¬ Membros da UE apresentam um défice excessivo; nalguns, registam¬ se níveis de dívida pública superiores a 60% do PIB. Nestas circunstâncias, o Conselho Europeu apela aos Estados-Membros para que aproveitem a oportunidade que lhes é oferecida pela recuperação económica em curso para procederem à consolidação orçamental, de acordo com o Pacto de Estabilidade e Crescimento. No contexto da recuperação económica em curso, os Estados¬ Membros deverão aproximar¬ se rapidamente dos seus objectivos de médio prazo, devendo os que registam um défice excessivo proceder a uma consolidação orçamental mais ambiciosa, de modo a pôr termo a esse défice o mais rapidamente possível.

53. Em muitos dos Estados¬ Membros são necessárias outras reformas de envergadura para melhorar a sustentabilidade dos respectivos sistemas de segurança social e fazer face às consequências do envelhecimento da população a nível económico e orçamental. Neste contexto, o Conselho Europeu congratula¬ se com o relatório relativo ao impacto do envelhecimento da população sobre as despesas públicas e reafirma a estratégia tripla que visa reduzir a dívida pública, aumentar as taxas de emprego e a produtividade e reformar os sistemas de pensões e de saúde. Deverão ser promovidas medidas que desincentivem o abandono precoce do mercado de trabalho ou reduzam os custos das pensões. Além disso, o Conselho Europeu convida a Comissão a levar a efeito uma avaliação aprofundada da sustentabilidade das finanças públicas dos Estados¬ Membros até ao final de 2006, utilizando para tal o quadro acordado em comum, que o Conselho deverá debater posteriormente.

54. O Conselho Europeu sublinha a necessidade de continuar a melhorar a eficiência e a eficácia das despesas públicas e dos impostos, a fim de aumentar a qualidade das finanças públicas e de fomentar actividades geradoras de crescimento e de emprego, em consonância com as prioridades da Parceria para o Crescimento e o Emprego.

55. A integração monetária cria efeitos de arrastamento mais fortes entre os Estados-Membros que nela participam. A pertença à zona do euro implica que se atribua particular importância a uma coordenação política eficaz para assegurar a disciplina orçamental e a flexibilidade necessárias para lidar com choques assimétricos, e que se efectuem os ajustamentos estruturais necessários, por exemplo, para lidar com evoluções divergentes em matéria de competitividade. A este respeito, assumem especial importância para os Estados-Membros da zona do euro uma maior consolidação orçamental e reformas mais profundas dos mercados de bens, de serviços, laboral e imobiliário, sendo necessária uma coordenação política eficaz neste domínio.

b) Concretizar o mercado interno e promover o investimento

56. A extensão e o aprofundamento do mercado interno constituem um elemento essencial para alcançar os objectivos da Estratégia renovada. Assim sendo, o Conselho Europeu apela a que:

– seja alcançado, até ao final de 2006, um acordo definitivo sobre o pacote “REACH”, bem como – no caso de o Parlamento Europeu e o Conselho chegarem a acordo em primeira leitura – sobre o regulamento relativo à classificação e à rotulagem de substâncias ou misturas perigosas, que com ele está estreitamente relacionado;

– se defina, no plano da UE e a nível internacional, um quadro jurídico eficaz para a protecção dos direitos de propriedade intelectual;

– se continue a avançar no plano da simplificação e modernização do sistema aduaneiro e do IVA;

– se promova um mercado financeiro plenamente integrado e perfeitamente operacional e um melhor acesso ao financiamento, nomeadamente através da implementação das medidas previstas no Plano de Acção para os Serviços Financeiros e no programa de trabalho da Comissão definido no seu Livro Branco sobre a Política de Serviços Financeiros (2005¬ 2010), da consecução de progressos no domínio da compensação e liquidação transfronteiras das transacções de valores mobiliários, da criação de um Espaço Único de Pagamentos na UE, da melhoria do enquadramento da supervisão financeira e da gestão de crises nos sectores financeiros a nível transfronteiriço, e do reconhecimento mútuo das normas de contabilidade com os Estados Unidos.

57. Recordando as suas conclusões de Março de 2005 e as conclusões do Conselho (Competitividade) de 13 de Março de 2006, o Conselho Europeu salienta que o mercado interno dos serviços se deverá tornar inteiramente operacional, preservando ao mesmo tempo o modelo social europeu, mediante a obtenção de um amplo consenso sobre a directiva relativa aos serviços. O Conselho Europeu congratula-se com a votação realizada no Parlamento Europeu e aguarda com expectativa a proposta alterada da Comissão. O Conselho Europeu toma devida nota da intenção da Comissão de basear amplamente a sua proposta de alteração nos resultados da primeira leitura do Parlamento Europeu e manifesta a esperança de que as instituições possam concluir rapidamente o processo legislativo.

58. O Conselho Europeu congratula¬ se com a apresentação da comunicação da Comissão sobre a aplicação das disposições transitórias em matéria de liberdade de circulação, e toma nota da avaliação nela contida. Nesta base, e à luz da experiência, os Estados¬ Membros informarão a Comissão das suas intenções nos termos das disposições pertinentes do Tratado de Adesão de 2003.

59. O Conselho Europeu apela aos Estados-Membros para que transponham, apliquem e implementem na íntegra a legislação comunitária, a fim de permitir aos consumidores, aos trabalhadores e às empresas usufruir dos benefícios de mercados competitivos e sem fronteiras.

60. O Conselho Europeu recorda o Programa da Haia de Novembro de 2004, segundo o qual a migração legal poderá desempenhar um papel importante no reforço da economia baseada no conhecimento na Europa, bem como ao nível do desenvolvimento económico, contribuindo assim para a implementação da Parceria para o Crescimento e o Emprego. O Conselho Europeu toma nota do Plano de Acção sobre Migração Legal, apresentado pela Comissão em Dezembro de 2005.

61. Tomando devidamente em conta os princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade, bem como a importância de respeitar o acervo comunitário, o Conselho Europeu sublinha a importância que atribui a uma melhor regulamentação tanto a nível nacional como europeu, como elemento essencial para alcançar os objectivos da Parceria para o Emprego e o Crescimento, e insta todas as instituições e os Estados¬ Membros a honrarem os respectivos compromissos, nomeadamente recorrendo a uma avaliação consistente e equilibrada do impacto que inclua a apreciação dos custos administrativos, implementando o programa continuado de simplificação para os sectores prioritários dos resíduos e das indústrias automóvel e da construção. A dinâmica empresarial é entravada por uma sobrecarga burocrática desnecessária que constitui igualmente um barreira significativa ao desenvolvimento de uma economia mais inovadora e baseada no conhecimento. Tais entraves prejudicam sobretudo as pequenas e médias empresas, que são responsáveis por dois terços dos postos de trabalho na Europa.

62. O Conselho Europeu congratula¬ se com a intenção da Comissão de apresentar uma análise sobre os progressos realizados até à data e sobre se é necessário envidar mais esforços para continuar a progredir em todos os domínios relacionados com a melhoria da regulamentação: simplificação, avaliação do impacto, revogações e retiradas, codificação, análise sectorial, redução dos encargos administrativos, envolvimento das empresas, pequenas e médias empresas (PME). O Conselho Europeu recorda que a melhoria da regulamentação deve ser também implementada pelos Estados¬ Membros no âmbito da elaboração das respectivas legislações nacionais e da transposição do direito comunitário, e reafirma o seu empenho em realizar progressos em todos estes domínios.

63. O Conselho Europeu reconhece a importância de que se revestem uma política de concorrência proactiva, um enquadramento regulamentar que facilite o acesso aos mercados e uma reforma das ajudas estatais, que constituem instrumentos¬ chave para criar incentivos à inovação e para atribuir os recursos produtivos de forma eficaz. Reconhece também o importante papel da concorrência para assegurar com eficácia o êxito das indústrias de rede europeias. O Conselho Europeu exorta os Estados¬ Membros a tomarem medidas nestes domínios.

64. O Conselho Europeu reconhece a importância fundamental de que se reveste, para a Parceria para o Emprego e o Crescimento, a utilização mais eficaz das tecnologias da informação e da comunicação no sector empresarial e nas organizações administrativas em toda a União Europeia. Para alcançar os objectivos de crescimento económico e de produtividade estabelecidos na Estratégia, é essencial a aplicação focalizada, eficaz e integrada de políticas em matéria de tecnologias da informação e da comunicação (TIC) tanto a nível europeu como nacional. Neste contexto, o Conselho Europeu assinala a importância de que se reveste a redução das taxas de roaming para a competitividade. Como tal, o Conselho Europeu apela à Comissão e aos Estados¬ Membros para que implementem com determinação a nova Estratégia i2010. Atendendo à importância das TIC, o Conselho Europeu convida a próxima Presidência a voltar a analisar esta questão antes do final de 2006.

65. Para concretizar e aprofundar o mercado interno, é necessário um maior esforço no sentido de avançar com a expansão, o aperfeiçoamento, a interconexão e a interoperabilidade das infra¬ estruturas europeias. O Conselho Europeu salienta a importância de que se reveste a execução dos projectos das redes transeuropeias nos sectores dos transportes e da energia, e bem assim a criação, pelos Estados¬ Membros e as instituições europeias, dos incentivos apropriados para fomentar os investimentos nas infra¬ estruturas.

66. O Conselho Europeu congratula¬ se com o contributo do Grupo BEI para a promoção do crescimento e do emprego, o qual, tomando como ponto de partida a Acção Europeia para o Crescimento, associada a novos instrumentos financeiros que combinam recursos plurianuais da UE e do BEI, orientará a actividade do Banco para operações que visem um maior valor acrescentado e um grau de risco mais elevado, produzindo assim um efeito de alavanca sobre o capital privado, de modo a aumentar substancialmente o financiamento disponível para os investimentos em I&D, nas PME, nas infra¬ estruturas e na segurança energética na Europa, investimentos esses que contribuem para fomentar o crescimento.

67. O Conselho Europeu convida os intervenientes relevantes a tomarem sem demora as medidas de seguimento necessárias, tomando em consideração o acordo final sobre as Perspectivas Financeiras e respeitando o quadro acordado para o capital do BEI (a saber: suspensão dos aumentos de capital até 2010 e auto¬ financiamento através das reservas), bem como a necessidade de o BEI desempenhar as missões que lhe são atribuídas pelo Tratado. Sublinha igualmente a necessidade de uma estreita cooperação entre o BEI e a Comissão, bem como entre o BEI e o BERD, a fim de tirar o melhor partido do seu efeito de catalisador em termos de crescimento económico e emprego.

68. O Conselho Europeu salienta ainda a importância de que se reveste a existência de mercados abertos e competitivos tanto na Europa como para além das suas fronteiras. O crescimento na Europa poderá beneficiar significativamente de um resultado ambicioso e equilibrado das negociações da Agenda de Doha para o Desenvolvimento, no âmbito da OMC.

c) Reforçar a coesão social

69. A nova estratégia para o emprego e o crescimento proporciona um enquadramento no qual a política económica, a política de emprego e a política social se reforçam mutuamente, assegurando uma progressão paralela na criação de emprego, na competitividade e na coesão social, à luz dos valores europeus. Para que o modelo social europeu seja sustentável, a Europa deve redobrar esforços no sentido de criar mais crescimento económico e um nível mais elevado de emprego e produtividade, reforçando simultaneamente a coesão social e a protecção social, em conformidade com os objectivos traçados na Agenda Social.

70. O Conselho Europeu da Primavera de Março de 2005 declarou, por ocasião da revisão intercalar da Estratégia, que o crescimento e o emprego estão ao serviço da coesão social. Neste contexto, o Conselho Europeu acolhe com agrado o Relatório Conjunto sobre Protecção Social e Inclusão Social e os novos objectivos e métodos de trabalho neste domínio, e solicita aos Estados¬ Membros que apresentem até Setembro de 2006 relatórios nacionais sobre a protecção social e a inclusão social para o período 2006¬ 2008. A Comissão e o Conselho informarão o Conselho Europeu da Primavera, através do Relatório Conjunto, acerca dos progressos realizados no domínio da protecção social e da inclusão social. O Conselho Europeu salienta ainda o contributo que as empresas podem prestar através da sua responsabilidade social e saúda a recente comunicação da Comissão nesta matéria.

71. O Conselho Europeu salienta a necessidade de estabelecer, tanto a nível nacional como europeu, uma estreita coordenação entre, por um lado, as políticas de protecção social e inclusão social e, por outro, a Parceria para o Emprego e o Crescimento, de modo a criar uma interacção positiva entre as políticas económicas, sociais e de emprego e a permitir que a protecção social seja encarada como um factor produtivo.

72. O Conselho Europeu reafirma o objectivo da Parceria para o Crescimento e o Emprego segundo o qual deverão ser tomadas medidas que tenham um impacto decisivo sobre a redução da pobreza e da exclusão social até 2010. As políticas de inclusão social devem ser prosseguidas pela União e pelos Estados¬ Membros na sua abordagem multidimensional, com focalização em grupos¬ alvo, tais como as crianças em situação de pobreza. O Conselho Europeu exorta os Estados¬ Membros a tomarem as medidas necessárias para reduzir rápida e significativamente a pobreza infantil, dando a todas as crianças oportunidades iguais, independentemente do seu estrato social.

73. O Conselho Europeu realça que, perante as alterações demográficas na União Europeia, importa aumentar as taxas de emprego e promover a conciliação do trabalho com a vida familiar. Para fazer face a tais desafios demográficos, será necessário apoiar políticas que permitam articular a vida profissional com a vida familiar e os filhos, garantir a igualdade de oportunidades, promover a solidariedade entre as gerações, fomentar a saúde, oferecer melhores serviços de guarda, a preços acessíveis, para as crianças e outras pessoas que deles necessitem, promover a aprendizagem ao longo da vida e uma maior taxa de emprego dos jovens, trabalhadores mais velhos e grupos desfavorecidos. O Fundo Social Europeu desempenhará um papel importante neste contexto.

74. Também no que respeita às medidas consagradas aos jovens é necessário continuar a avançar, levando à prática, designadamente, o Pacto Europeu para a Juventude. O Conselho Europeu incentiva os Estados¬ Membros a reforçarem os laços entre as suas políticas de educação, formação, emprego, inclusão social e mobilidade, por forma a definir estratégias trans¬ sectoriais mais eficazes. O Conselho Europeu solicita à Comissão e aos Estados¬ Membros que envolvam os jovens e as associações de jovens na implementação do Pacto Europeu para a Juventude.

d) Crescimento sustentável do ponto de vista ambiental

75. Para além da sua importância intrínseca, uma política ambiental ambiciosa pode dar um contributo importante para o emprego e o crescimento e ter um impacto positivo em sectores de relevo como a saúde pública e os custos dos cuidados de saúde, bem como em termos de inclusão e coesão social, e também no tocante ao desenvolvimento de uma política energética para a Europa, incluindo a promoção da segurança e eficiência energéticas.

76. O Conselho Europeu subscreve as seguintes linhas de acção:

 Promover e difundir com determinação as eco¬ inovações e as tecnologias ambientais através, designadamente, do Plano de Acção para as Tecnologias Ambientais, e contemplar o estabelecimento de objectivos em matéria de desempenho;

 Dando seguimento ao Plano de Acção de Montreal sobre o Clima, e no âmbito da Convenção¬ Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, preparar sem demora opções para um mecanismo a aplicar depois de 2012 que permita cumprir o objectivo dos 2°C, lançando um amplo diálogo construtivo sobre as medidas de cooperação a longo prazo, e, ao mesmo tempo, um processo no contexto do Protocolo de Quioto;

 Rever os indicadores estruturais do ambiente a fim de cobrir de modo mais abrangente e coerente a dimensão ambiental da Estratégia para o Crescimento e o Emprego;

 Implementar com urgência o objectivo da UE de suster o declínio da biodiversidade até 2010, designadamente através da integração dos seus requisitos em todas as políticas pertinentes da Agenda de Lisboa, o que inclui a elaboração de um indicador estrutural em matéria de biodiversidade, e através da rápida apresentação e debate da Comunicação da Comissão sobre a Biodiversidade;

 Explorar acções específicas que permitam alcançar padrões de produção e de consumo mais sustentáveis a nível global e da UE, nomeadamente a elaboração de um plano de acção da UE em matéria de PCS, e fomentar os contratos públicos ecológicos, promovendo designadamente a definição de critérios ambientais e de objectivos de desempenho, analisando, logo que possível, a proposta de directiva relativa à promoção de veículos de transporte rodoviário não poluentes e avançando com a realização de uma ambiciosa política europeia de prevenção da poluição na fonte;

 Estudar em maior profundidade o recurso a incentivos e desincentivos adequados e a adopção de uma reforma das subvenções com consideráveis efeitos nefastos para o ambiente e incompatíveis com o desenvolvimento sustentável, tendo em vista a sua gradual eliminação.

ANEXO I

Despesa em I&D (2004) expressa em percentagem do PIB e metas estabelecidas pelos Estados¬ Membros nos programas nacionais de reforma

ANEXO II
PACTO EUROPEU PARA A IGUALDADE ENTRE OS SEXOS

Considerando o roteiro para a igualdade entre os sexos proposto pela Comissão, e a necessidade de:

– contribuir para concretizar as ambições da UE em matéria de igualdade entre homens e mulheres, tal como consignado no Tratado;


– pôr termo às disparidades entre homens e mulheres no emprego e na protecção social, contribuindo assim para a plena utilização do potencial produtivo da força de trabalho europeia;

– contribuir para enfrentar os desafios demográficos através da promoção de um maior equilíbrio entre vida profissional e familiar para as mulheres e para os homens,

O Conselho Europeu aprovou um Pacto Europeu a fim de incentivar as acções a nível dos Estados¬ Membros e da União nos seguintes domínios:

Medidas destinadas a pôr termo às disparidades entre homens e mulheres e a combater os estereótipos sexistas no mercado de trabalho

– Promover o emprego das mulheres de todas as faixas etárias e reduzir as disparidades entre homens e mulheres no emprego, combatendo nomeadamente todas as formas de discriminação;


– Aplicar o princípio do salário igual para trabalho igual;

– Combater os estereótipos sexistas, em especial os relacionados com a segregação entre sexos no mercado de trabalho e na educação;

– Reflectir sobre a forma de tornar os sistemas de segurança social mais favoráveis ao emprego das mulheres;

– Promover o empoderamento das mulheres na vida política e económica e o espírito empresarial das mulheres;

– Incentivar os parceiros sociais e as empresas a desenvolverem iniciativas a favor da igualdade entre os sexos e a promoverem planos de igualdade entre homens e mulheres no local de trabalho;

– Integrar a dimensão da igualdade entre os sexos em todas as actividades públicas.

Medidas destinadas a promover um maior equilíbrio entre vida profissional e familiar para todos

– Alcançar os objectivos estabelecidos no Conselho Europeu de Barcelona, de Março de 2002, no que se refere à disponibilização de estruturas de guarda de crianças;


– Reforçar a disponibilização de estruturas de acolhimento de outras pessoas a cargo;

– Promover a licença parental tanto para as mulheres como para os homens.

Medidas destinadas a reforçar a governação através da integração da dimensão da igualdade entre os sexos e de um acompanhamento mais eficaz

– Assegurar que os efeitos da igualdade entre homens e mulheres sejam tidos em conta nas avaliações de impacto de novas políticas da UE;


– Desenvolver estatísticas e indicadores diferenciados por sexo;

– Utilizar plenamente as oportunidades proporcionadas pela criação do Instituto Europeu para a Igualdade entre Homens e Mulheres.

O Pacto Europeu para a Igualdade entre os Sexos, bem como o relatório anual sobre a igualdade entre homens e mulheres, deverão ser integrados nos mecanismos de acompanhamento já criados no contexto da Parceria para o Crescimento e o Emprego, tomando em consideração o Pacto Europeu para a Juventude, e ter em vista promover a implementação da integração do princípio da igualdade entre os sexos nas acções desenvolvidas no âmbito da Estratégia. Incentivam¬ se os Estados¬ Membros a incluir uma perspectiva de igualdade entre os sexos, em especial no que se refere à Orientação 18, aquando da elaboração dos respectivos relatórios sobre a implementação dos PNR para o emprego e o crescimento. A Comissão e o Conselho são convidados a proceder do mesmo modo no relatório anual sobre a Parceria para o Crescimento e o Emprego.

ANEXO III
POLÍTICA ENERGÉTICA PARA A EUROPA
LISTA INDICATIVA DE ACÇÕES

As acções adiante enumeradas referem-se tanto aos aspectos internos como externos da política energética e podem contribuir para vários dos seus três objectivos. A referência a uma determinada acção não afecta a repartição de competências entre a Comunidade Europeia e os Estados-Membros.

SEGURANÇA DO ABASTECIMENTO
Resposta às rupturas de abastecimento


1. Recordando embora a responsabilidade primordial dos Estados-Membros no que se refere à respectiva procura interna e em sinergia com os mecanismos em vigor, garantir a disponibilidade de medidas eficazes para minimizar as rupturas e de mecanismos de coordenação em caso de crise de abastecimento, com base nos princípios da solidariedade e da subsidiariedade, através, por exemplo, de uma combinação flexível das medidas estabelecidas na Directiva “aprovisionamento em gás natural”, tendo em conta dados mais fiáveis em matéria de capacidades de armazenagem e de reservas de gás.

2. Melhorar a gestão da procura, em especial nos sectores doméstico e dos transportes, a fim de acelerar a resposta à procura.

3. Melhorar a eficácia dos fornecimentos de gás e petróleo.

Reforço da diversificação


4. Os Estados-Membros devem intensificar as suas estratégias de diversificação, tendo simultaneamente em mente a definição de uma abordagem comum, tanto em termos dos países fornecedores, como dos itinerários de transporte. Devem ser abertas novas rotas de abastecimento de gás, nomeadamente a partir da região do Mar Cáspio e do Norte de África. Esta diversificação não deverá limitar-se às fontes externas, devendo também incluir o desenvolvimento e exploração do potencial energético endógeno e a eficiência energética.

5. É necessário acelerar a conclusão das infra-estruturas de rede, tanto no sentido Este-Oeste como ao longo de um eixo Sul-Norte, bem como das instalações de GNL (gás natural liquefeito), que irão contribuir para essa diversificação, devendo igualmente ser criados mercados de GNL mais competitivos.


6. Na observância dos requisitos em matéria de concorrência, deve ser reconhecido o contributo dos contratos a longo prazo, tanto do ponto de vista da procura como da oferta.

Dimensão externa da segurança do abastecimento


7. Nas conversações com os países terceiros, falar a uma só voz em apoio dos objectivos da política energética, fomentando uma abordagem mais cooperante em matéria de acesso aos recursos energéticos, de estabilidade nos países de trânsito e nos países produtores, e de segurança energética. A este respeito, o reforço da diversificação a promover aumentará a margem de manobra da UE nas suas relações com países terceiros.

8. Velar por que entre em vigor em 2006 o Tratado que institui a Comunidade da Energia (com a Europa do Sudeste), e reflectir sobre o alargamento do Tratado ou dos seus princípios aos países vizinhos.

9. Desenvolver um quadro comum para o estabelecimento de novas parcerias com os países terceiros, incluindo os países de trânsito, e melhorar as parcerias existentes. Este quadro deve ter em consideração as implicações geopolíticas das abordagens dos países terceiros no sector da energia. As parcerias consumidor-produtor deverão ser completadas por parcerias consumidor-consumidor. Importa tirar partido de todas as instâncias existentes para a realização desses diálogos, que podem ser conduzidos numa esfera regional (p.ex., com a OPEP, os países da Euromed ou da Dimensão Setentrional) se tal permitir aumentar a sua eficácia, incluindo no apoio à mediação no caso de litígios que afectem o abastecimento. Os Estados-Membros devem estar devidamente representados nessas instâncias, nomeadamente na AIE.

10. Para maximizar os resultados destes diálogos e para facilitar o acesso dos países em desenvolvimento à energia sustentável e às tecnologias afins, devem ser plenamente exploradas as sinergias com organizações internacionais, nomeadamente as IFI (instituições financeiras internacionais).

11. O diálogo energético com a Rússia deverá receber um novo impulso e tornar-se mais aberto e eficaz tendo em vista apoiar os objectivos energéticos da UE, devendo também basear-se na nossa interdependência em matéria de energia e, portanto, na necessidade de garantir condições de investimento seguras e previsíveis tanto para as empresas da UE como para as da Rússia, na reciprocidade em termos de acesso aos mercados e às infra-estruturas, bem como num acesso não discriminatório de terceiros aos oleodutos e gasodutos da Rússia, garantindo condições equitativas em matéria de segurança, nomeadamente nuclear, e de protecção do ambiente. Haverá que envidar esforços decisivos para concluir as negociações do Protocolo sobre Trânsito da Carta da Energia e assegurar a ratificação pela Rússia do Tratado da Carta da Energia.

COMPETITIVIDADE DOS MERCADOS E INVESTIMENTOS
Fomento da integração dos mercados em benefício das empresas e dos consumidores


12. Melhorar o comércio regional transfronteiras e acelerar o desenvolvimento da cooperação regional no sector da energia, facilitando simultaneamente a integração dos mercados energéticos regionais no mercado interno da UE e fomentando o desenvolvimento deste último, nomeadamente através de medidas de interconexão adequadas. Para o efeito, a Comissão deve apresentar, até finais de 2006, um plano de interconexões prioritárias, identificando as medidas que devem ser tomadas a nível dos Estados-Membros e a nível comunitário. Essas medidas contribuirão igualmente para atingir o objectivo de uma taxa de interconexão eléctrica correspondente a pelo menos 10% da sua capacidade de produção instalada, tal como acordado em 2002 pelo Conselho Europeu de Barcelona.

13. Fazer com que as redes funcionem como uma rede única do ponto de vista do utilizador final, completando para tal as regras técnicas exigidas para o comércio transfronteiras de energia, melhorando o funcionamento dos instrumentos de flexibilidade do mercado do gás, incluindo as capacidades de armazenamento, o acesso às redes e a gestão dos congestionamentos no mercado da electricidade. Espera-se que a Comissão aborde a questão do acesso pleno e transparente às infra-estruturas no seu relatório de 2006 sobre o mercado interno da energia.

14. Garantir a aplicação plena, eficaz e transparente da legislação existente. No âmbito desta aplicação, deverão ser respeitadas as obrigações de serviço público, assegurando que a liberalização seja também benéfica em termos de acesso à energia a preços comportáveis. Este processo de liberalização deve igualmente ter em conta a situação dos Estados-Membros em termos de diversificação do abastecimento, a fim de evitar o controlo excessivo por parte de fornecedores externos.

15. Reforçar a cooperação e a coordenação entre as entidades reguladoras e os operadores dos sistemas numa base regional, nomeadamente através de um intercâmbio de informações coordenado, e a nível comunitário, por ex., apoiando-se nos órgãos administrativos já existentes, tais como o Grupo dos Reguladores Europeus de Electricidade e Gás Natural (ERGEG).

Fomento do desenvolvimento coerente das infra-estruturas


16. Melhorar os procedimentos de planeamento dos investimentos a médio e a longo prazo e a coordenação destes, em especial no que se refere à interconexão, às infra¬ estruturas do gás e às instalações de GNL transfronteiras, bem como aos geradores, e assegurar um ambiente empresarial mais propício aos investimentos a longo prazo, mediante uma maior transparência e uma troca de informações baseada no planeamento dos próprios Estados¬ Membros. Esta acção deverá contribuir para dar rapidamente início à implementação de projectos prioritários de infra-estruturas no sector energético.

17. Em relação aos contratos a longo prazo, prever um mecanismo equilibrado que reforce a concorrência no mercado interno e salvaguarde ao mesmo tempo os incentivos ao investimento.

18. Rever as directivas e o quadro jurídico em vigor à luz da necessidade de acelerar substancialmente os procedimentos administrativos de autorização, mantendo simultaneamente as normas ambientais e sanitárias, em particular encarando a hipótese de fixar prazos para esses procedimentos.

ENERGIA SUSTENTÁVEL
Energias renováveis


19. Velar por que a Comissão apresente uma análise sobre a forma de atingir os objectivos actuais (para 2010) relativamente às fontes de energia renováveis e de continuar a promover, com uma boa relação custo-eficácia, as energias renováveis (roteiro) a longo prazo, ponderando a possibilidade de, por exemplo, aumentar a sua proporção para 15% até 2015, e, da mesma forma, incrementar a utilização de biocombustíveis no sector dos transportes, contemplando a hipótese de aumentar a sua proporção para 8% em 2015, acompanhando esta medida de um diálogo construtivo com a indústria petrolífera e da concessão do máximo apoio à investigação sobre a segunda geração de biocombustíveis e ao desenvolvimento destes últimos. O estabelecimento de novas metas justificar-se-á com base numa análise abrangente das potencialidades e da rentabilidade de novas medidas.

20. Promover a utilização da biomassa tendo em vista diversificar as fontes de abastecimento de combustível da UE, reduzir os gases com efeito de estufa e proporcionar novas oportunidades de rendimento e de emprego nas zonas rurais, levando por diante as propostas enunciadas no Plano de Acção Biomassa em cada um dos seus três sectores energéticos: aquecimento e refrigeração, electricidade e transporte. Este domínio deverá ser desenvolvido no âmbito de uma estratégia a longo prazo para a bio-energia que vá além de 2010.


21. Reduzir os obstáculos de carácter legislativo e administrativo à penetração das energias renováveis, facilitando o acesso à rede, eliminando o excesso de burocracia e garantindo a transparência, a eficácia e a segurança das políticas de apoio.

Eficiência energética


22. Tendo presente o potencial de poupança de energia da UE – 20% até 2020, tal como estimado pela Comissão –, a Comissão deverá propor um plano de acção ambicioso e realista em matéria de eficiência energética destinado a reforçar a liderança da UE, tendo em vista a sua aprovação em 2006, e estudar a forma de levar os países terceiros a progredir no sentido da eficiência energética.

23. Melhorar a eficiência energética nomeadamente no sector dos transportes, tendo em conta o importante papel que este sector tem a desempenhar, através da utilização de instrumentos rentáveis, incluindo os acordos voluntários e as normas de emissão.

24. Aplicar integralmente a legislação relativa ao desempenho energético nos edifícios, à eficiência na utilização final de energia e aos serviços energéticos.

25. Aumentar substancialmente a eficiência das centrais eléctricas, em especial fomentando em maior escala a utilização da produção combinada calor-electricidade.

Contributo para uma política em matéria de alterações climáticas


26. Contribuir para a definição de uma estratégia da UE a médio e longo prazo para combater as alterações climáticas numa perspectiva pós-2012, bem como para a consecução dos actuais objectivos de Quioto.

27. Concluir atempadamente a revisão do regime de comércio de direitos de emissão da UE (ETS) enquanto instrumento para a concretização, em moldes rentáveis, dos objectivos em matéria de alterações climáticas, tendo em conta o seu impacto sobre os três objectivos da política energética, os mercados energéticos, o potencial de crescimento e a estrutura industrial dos Estados¬ Membros, bem como a necessidade de uma segurança a médio e longo prazo.

28. No seu diálogo com os países terceiros em matéria de energia, a UE deverá facilitar o desenvolvimento de sistemas energéticos sustentáveis e eficientes e adoptar uma abordagem mais proactiva no combate às alterações climáticas, incluindo a promoção das fontes de energia renováveis, das tecnologias com emissões reduzidas e da eficiência energética e a aplicação dos mecanismos do Protocolo de Quioto.

ACÇÕES HORIZONTAIS E DE APOIO
Definição de políticas com base em elementos concretos


29. Elaborar, em sinergia com outras instituições internacionais, um conjunto de ferramentas de análise (modelos energéticos e cenários regionais; indicadores) e de acompanhamento dos mercados e das existências, a fim de dotar a UE de uma visão comum das perspectivas a longo prazo em termos de oferta e de procura no que respeita à própria UE e aos seus parceiros. Em especial, a Comissão é incitada a progredir rapidamente na definição de meios para assegurar a transparência e a previsibilidade da oferta e da procura nos mercados energéticos da UE, bem como a complementar os trabalhos efectuados no âmbito da Agência Internacional da Energia, evitando simultaneamente a duplicação de esforços.

30. Avaliar as vantagens e os inconvenientes de cada uma das fontes de energia no que se refere aos três objectivos da política energética; esta avaliação deverá abranger todos os tipos de fontes, desde as fontes de energia renováveis endógenas até às tecnologias limpas do carvão e ao futuro papel da energia nuclear na UE, para os Estados¬ Membros que desejem seguir essa opção.

Investigação, desenvolvimento e demonstração – Desenvolvimento tecnológico


31. Dar maior prioridade à energia nos orçamentos nacionais comunitários consagrados à investigação, desenvolvimento e demonstração, especialmente no âmbito do 7.º Programa¬ Quadro, centrando-se na eficiência energética, nas energias sustentáveis e nas tecnologias com emissões reduzidas que dêem resposta aos desafios com que se defronta a UE.

32. Apoiar estas tecnologias mediante uma gama mais vasta de plataformas e parcerias com os países terceiros, e procurar facilitar a aceitação pelos mercados das tecnologias daí resultantes, nomeadamente através dos instrumentos comunitários pertinentes, de modo a consolidar a liderança da UE.

Coordenação

33. A fim de garantir uma aplicação coerente das acções prioritárias acima mencionadas, devem ser definidas orientações gerais comuns sobre as várias componentes da política energética aplicada pelos Estados¬ Membros, tendo em devida conta as características destes últimos.

DECLARAÇÃO SOBRE A BIELORRÚSSIA
O Conselho Europeu condena a acção levada a cabo esta manhã pelas autoridades da Bielorrússia ao deterem manifestantes pacíficos que exerciam o seu direito legítimo de liberdade de reunião em protesto contra a forma como decorreram as eleições presidenciais. O Conselho Europeu lamenta que as autoridades bielorrussas não tenham honrado os compromissos assumidos no âmbito da OSCE em matéria de eleições democráticas, e considera que as eleições presidenciais de 19 de Março na Bielorrússia foram, no essencial, marcadas por irregularidades. Num continente de sociedades abertas e democráticas, a Bielorrússia representa uma triste excepção.

O Conselho Europeu decidiu, pois, tomar medidas restritivas contra aqueles que são responsáveis pelas violações das normas internacionais em matéria de eleições, incluindo o Presidente Lukashenko. Continuaremos a actuar em estreita coordenação com os nossos parceiros internacionais.

Simultaneamente, o Conselho Europeu congratula¬ se com a mensagem de esperança trazida pela oposição democrática e pela sociedade civil da Bielorrússia. Os seus corajosos esforços em prol da causa da democracia, em circunstâncias de excepcional dificuldade, merecem o nosso pleno apoio e reconhecimento. A União Europeia reafirma o seu empenhamento em colaborar com a sociedade bielorussa, reforçando o seu apoio à sociedade civil e à democratização; intensificará igualmente os contactos entre as pessoas e promoverá o acesso a fontes de informação independentes.

O Conselho Europeu exige a libertação imediata de todas as pessoas que se encontram detidas. Exorta as autoridades da Bielorrússia a absterem-se de actuar contra futuros protestos pacíficos. Apela aos seus parceiros internacionais, e em especial aos outros países vizinhos da Bielorrússia, para que adoptem idêntica atitude em relação a este país.

Written by Joao Pedro Dias

24 Março 2006 at 3:17 am

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A Cimeira oculta

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A Cimeira do Conselho Europeu que, hoje e amanhã, reúne em Bruxelas os 25 líderes dos Estados membros da União Europeia mais o Presidente da Comissão Europeia e os respectivos Ministros dos Negócios Estrangeiros é, oficialmente, dominada por 3 grandes temas: a «crónica» Agenda de Lisboa, pela enésima vez debatida e equacionada, as questões do emprego que lhe andam associadas e, novidade ditada pela realidade económica actual da Europa, a europeização do sector energético ou, numa versão mais directa, a questão do proteccionismo dos Estados membros em questões energéticas. Acontece que, paralelamente a esta «agenda oficial», terá de existir uma «agenda paralela» ou oculta, não divulgada nem publicitada, mas impossível de escapar à atenção dos chefes de Estado e de governo dos 25: a agenda política ditada pela situação de letargia vegetativa em que se encontra o texto constitucional europeu – oficialmente submetido a uma europausa para reflexão em vias de se esgotar, e que muito em breve voltará a ter de concitar, oficialmente, a atenção das lideranças europeias. Ora, para lá do que vier a ser divulgado publicamente nas Conclusões desta Cimeira da Primavera, convirá não perder de vista que as Conclusões desta outra Cimeira oculta acabarão por não ser nem menos importantes nem menos relevantes para o futuro da Europa da União.

Written by Joao Pedro Dias

23 Março 2006 at 10:35 pm

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Recursos académicos

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Na coluna da esquerda, doravante, e com link aqui para o blog, os enunciados das provas escritas de frequência e exame final bem como as respectivas grelhas de correcção, como recurso de trabalho para os alunos de Direito Comunitário.

Written by Joao Pedro Dias

22 Março 2006 at 3:38 pm

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UE: O calçado e as medidas anti-dumping

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A Comissão Europeia vai adoptar formalmente a decisão de instaurar, a partir de 7 de Abril, taxas à importação de sapatos de couro da China e Vietname. A proposta, apresentada pelo executivo comunitário a 23 de Fevereiro, será formalmente decidida quinta-feira por procedimento escrito, ou seja, sem discussão, depois de o comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson, ser hoje mandatado nesse sentido. As medidas “anti-dumping”, que geraram divisões entre os Estados-membros, foram decididas depois de uma investigação de vários meses que concluiu que a produção de sapatos de couro na China e Vietname beneficiou de uma forte intervenção estatal (como empréstimos a fundo perdido e benefícios fiscais), que permitiu a exportação para a Europa de artigos com preços muito abaixo dos custos de produção nos Estados-membros da UE, o chamado “dumping”. Segundo a Comissão, os fabricantes europeus foram seriamente prejudicados com este “dumping”, contrário às regras da concorrência, razão pela qual entende serem necessárias medidas, que recusa classificar como “proteccionistas”. Como sanção contra o que classifica como “comércio desleal”, Mandelson vai taxar os sapatos de couro da China e Vietname de forma progressiva, ao longo de cinco meses, até atingirem, respectivamente, taxas equivalentes a 19,4 e 16,8% do preço de importação. Alegando que o progressivo aumento das taxas visa proteger os distribuidores que já tenham feito encomendas, o executivo quer que as sanções comecem nos 4%, a partir de 7 de Abril, subindo gradualmente nos cinco meses seguintes até atingirem os valores propostos, em Setembro próximo. Das medidas “anti-dumping” ficam excluídos os sapatos de criança e o calçado desportivo, no primeiro caso atendendo a que as crianças têm a necessidade de mudar frequentemente de calçado, no segundo por o mercado europeu não produzir em quantidade suficiente. [Via RR, com a devida vénia]

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22 Março 2006 at 4:08 am

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Cronologia comunitária

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Actualizado o ano de 2001!

Written by Joao Pedro Dias

22 Março 2006 at 1:51 am

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Durão Barroso defende flexibilização do direito la…

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Durão Barroso defende flexibilização do direito laboral francês. O contrato de primeiro emprego, ou melhor a contestação maciça de que a medida do executivo de Paris está a ser alvo vai seguramente constar na lista de pontos de discussão na habitual cimeira da Primavera, que tem início na quinta-feira. Os líderes dos Vinte e Cinco vão tentar promover o crescimento económico, mas a falta de consenso poderá levar ao fracasso do conselho europeu. Numa análise ao que está a acontecer em França há mais de uma semana, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, referiu que “em relação a outros países, a França tem um nível mais elevado de desemprego, de desemprego jovem, um nível mais elevado de desemprego de longa duração. Tem também uma taxa de emprego da população activa inferior à de muitos Estados-membros que têm regimes de direito laboral mais flexíveis. Mas o direito laboral, volto a lembrar, é da competência dos Estados-membros e não das instituições comunitárias.”Para tentar flexibilizar o direito laboral o governo de Dominique de Villepin fez passar na assembleia nacional o contestado CPE, ou contrato de primeiro emprego, destinado aos jovens com menos de 26 anos e que, entre outras coisas, permite à entidade empregadora despedir sem justificação ou sem o pagamento de indemnização. Países como a Holanda, a Dinamarca, a Alemanha e Grã-Bretanha, são um autêntico paraíso para os jovens diplomados. Por exemplo, 72,8 por cento dos jovens que saem da universidade com um diploma na Holanda arranjam trabalho nos 12 meses seguintes. A França, a Itália e a Espanha encontram-se na cauda da Europa. A luta contra o desemprego é um dos principais objectivos dos Vinte e Cinco. Desde o início dos anos 90 que os diferentes Estados-membros têm criado medidas de flexibilização do mercado de trabalho. A Alemanha deverá ser o país que se segue. [Via Euronews.net, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

21 Março 2006 at 5:13 pm

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Um novo «acórdão Bosman»?

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A imprensa de hoje faz eco da possibilidade de o Tribunal de Justiça Europeu voltar a ser chamado a pronunciar-se sobre a regulamentação do futebol europeu e mundial – antecipando a probabilidade de um novo aresto da instância jurisdicional europeia poder vir a introduzir nova revolução na legalidade futebolistica internacional vigente definida unilateralmente pela FIFA e pela UEFA, à semelhança do ocorrido há mais de uma década com a aprovação do «acórdão Bosman». Desta feita está em causa a reivindicação dos clubes europeus, que dispensam jogadores profissionais para as suas selecções, serem indemnizados e ressarcidos pelos prejuízos derivados dessa cedência, nomeadamente obrigando as federações nacionais a comparticiparem no pagamento dos salários dos atletas quando os mesmos estão ao serviço das suas selecções e a suportarem os encargos derivados de lesões eventualmente sofridas por esses mesmos atletas quando ao serviço das selecções nacionais. Para já, o advogado do Charleroi, pequeno clube belga que despoletou o processo, pretende que o juíz da causa (do tribunal de comércio belga) remeta o caso para o Tribunal de Justiça da União Europeia – confiante em que este não deixará de se pronunciar no sentido das suas pretensões, invocando para o efeito uma panóplia de argumentos jurídicos onde se insere a eventual denúncia de uma série de princípios que enformam o mercado único europeu e as liberdades em que assenta esse mesmo mercado único. O desenvolvimento deste processo – à semelhança do que ocorreu com o «acórdão Bosman» – só virá evidenciar que o futebol não é nem pode ser um mundo «à parte» submetido a regras e a uma legalidade própria que não leva em consideração o ordenamento jurídico das sociedades onde se insere; mas, da mesma forma, ficará bem claro que apenas uma instância de âmbito supranacional como é a União Europeia é dotada da suficiente força para impor a sua vontade e forçar a «toda poderosa» FIFA – e o seu braço europeu, a UEFA – a aceitar essa mesma legalidade comunitária, coisa até aqui nunca alcançada individualmente por nenhum dos Estados da comunidade internacional cujas federações estão inscritas nas Federação Internacional.

Written by Joao Pedro Dias

21 Março 2006 at 5:09 pm

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UE: Deputados portugueses expõem propostas sobre catástrofes naturais

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Os socialistas Capoulas Santos, na Comissão da Agricultura, e Edite Estrela, na Comissão do Ambiente, apresentam hoje relatórios sobre prevenção de catástrofes. avançando novas propostas. O Parlamento Europeu mandatou três comissões para avançarem com as propostas. Edite Estrela propõe uma série de medidas, onde se inclui a criação de um observatório europeu sobre a seca e a desertificação, a instalar em Portugal ou Espanha, e também a concessão de apoios comunitários para meios de prevenção e combate, nomeadamente, a aquisição de meios aéreos. A inclusão da seca severa nos mecanismos de apoio do fundo de solidariedade e o agravamento das penalizações dos actos criminosos contra o ambiente, são outras das medidas propostas. Capoulas Santos dirige as medidas para o mundo rural, propondo no relatório que hoje apresenta uma nova abordagem: que os agricultores afectados pelas catástrofes naturais não sejam subsidiados pelos Governos nacionais – o que põe os mais pobres em desvantagem – mas sim pela União Europeia. Os dois eurodeputados socialistas estiveram em Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha e Áustria – todos países afectados por fenómenos naturais nos últimos anos (uns pela seca outros pelas cheias). Os relatórios serão votados em plenário ainda antes do Verão. [Via RR, com a devida vénia]

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21 Março 2006 at 4:05 am

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UE: Preparativos para Cimeira da Primavera em análise

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Os chefes de diplomacia da União Europeia vão discutir hoje em Bruxelas os derradeiros preparativos para a Cimeira da Primavera, que vai juntar quinta e sexta-feira, os líderes dos “25”. Em vésperas do Conselho Europeu, os ministros dos Negócios Estrangeiros vão abordar numa reunião de Assuntos Gerais as grandes linhas da cimeira, centrada na revisão anual da Estratégia de Lisboa para o crescimento e emprego. Neste encontro, a presidência austríaca da UE vai sublinhar a necessidade de a cimeira identificar acções prioritárias a serem implementadas antes de final de 2007 e de serem postos em prática os compromissos acordados há um ano, aquando da Cimeira da Primavera de 2005 que “relançou” a Agenda de Lisboa de 2000. A nível de política externa, os chefes de diplomacia vão abordar uma série de dossiers, alguns com lugar já quase cativo em cima da mesa de trabalho, tais como o processo de paz no Médio Oriente, o programa nuclear iraniano, a situação no Iraque e os Balcãs Ocidentais. [Via RR, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

20 Março 2006 at 12:59 pm

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UE: Merkel recebe Barroso para preparar Conselho Europeu

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O presidente da Comissão Europeia foi hoje recebido na capital alemã pela chanceler Angela Merkel para preparar o Conselho Europeu de quinta e sexta-feira em Bruxelas. “É preciso uma política energética comum e este Conselho Europeu é uma excelente oportunidade para realizar um debate precursor”, declarou aos jornalistas José Manuel Durão Barroso. Segundo o presidente da Comissão Europeia, actualmente há tantas políticas energéticas e mercados na União Europeia (UE) como países-membros, o que “a médio prazo poderá travar o crescimento” comunitário. Sendo certo que “as diferenças dos países-membros quanto às necessidades energéticas não impedem a criação de um mercado único”, precisou: “Estas necessidades energéticas continuarão nos domínios nacionais, mas é possível começar a trabalhar numa plataforma comum”. Durão Barroso evocou as propostas energéticas da Comissão que, no seu entender, são uma boa base para iniciar um debate “fundamental para o futuro europeu”. Entre as propostas do chamado “Livro Verde” da Energia – apresentado a semana passada pela Comissão Europeia – destacou a que vai no sentido da maior integração das empresas de gás e electricidade, a necessidade de maior diálogo com os fornecedores e consumidores, o investimento em fontes renováveis e o incremento da investigação. Merkel, incumbida de abrir o debate sobre a matéria, anuiu com Barroso no imperativo de avançar pela via proposta para harmonizar sectores com interesse estratégico. A chanceler classificou de “muito importante” a próxima cimeira porque, à margem dela, será premente “enviar aos cidadãos uma mensagem de segurança nos abastecimentos, de que as autoridades estão apostadas em seguir em frente e de que a UE tem soluções para os reptos da globalização”. A UE tenciona liberalizar os mercados de gás e electricidade em Julho de 2007, embora alguns governos – em particular o francês e o espanhol – se obstinem no proteccionismo, receando a sua compra por estrangeiros. Ambos os estadistas aproveitaram o encontro para abordar outros temas da agenda comunitária e da projectada missão da UE na República Democrática do Congo, com eleições gerais a 18 de Junho. [Via RR, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

20 Março 2006 at 2:02 am

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As fontes do Direito Comunitário originário: os Tratados comunitários e da União Europeia

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Quando analisamos as fontes de direito comunitário primário ou originário, tam­bém dito convencional, estamo–nos a referir aos Tratados comunitários e da União Europeia.

Estes Tratados constituem o normativo jurídico fundamental das dife­rentes Comunidades Europeias e da União Europeia. Normativo jurídico de tal forma fundamental no quadro da ordem jurídica comunitária que não tem faltado quem, tanto no plano jurisdicional como no plano doutrinário, os venha qualificando como uma verdadeira Constituição das Comu­nidades.

As­sim, o próprio Tribunal Constitucional alemão já se lhes referiu, em sentença de 18 de Outubro de 1967, em termos quase–constitucionais: afirmou, na altura, que os Trata­dos comunitários representam, de certo modo, «a Constituição da Comunidade ou da União».

Os Tratados comunitários, enquanto fonte primária ou originária de direito co­mu­ni­tário, são verdadeiras convenções internacionais clássicas, produto da vontade sobera­na dos Estados que os outorgaram e concluíram no respeito pelas normas do direito inter­naci­onal público e pelos respectivos procedimentos constitucionais internos.

Written by Joao Pedro Dias

19 Março 2006 at 11:44 pm

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As fontes do Direito Comunitário. Introdução geral

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A análise sistematizada do direito comunitário aconselha a que a sua abordagem se inicie pelo estudo das respectivas fontes.

O carácter polissémico da expressão — fontes de direito — exige uma precisão e um esclarecimento prévios: ao analisarmos as fontes de direito comunitário preocupar–nos–emos, numa concepção tradicional, com os locais ou textos onde se encontra e manifesta o direito comunitário.

Duas breves considerações introdutórias sobre esta expressão: fontes de direito.

Ao falarmos em fontes de direito devemos ter sempre bem presente que estamos a empregar uma metáfora. Que, ainda que muito generalizada, não deixa de ser uma metáfora. Porque fonte é o lugar onde a água nos aparece — se vê e se pode facilmente recolher . Trata–se, todavia, de uma metáfora antiga, com séculos de existência que, no mundo jurídico romano, deve ter sido introduzida ou pelo menos foi consagrada por Cícero. Desde então, tem sido utilizada através dos tempos, e com tanta aceitação que quase não se tem consciência de que se está a empregar uma metáfora. Metáfora que, sendo do século I a.C. só terá vindo a tornar–se de uso jurídico comum no século VI da nossa era.

Ensina Castanheira Neves que a questão das fontes de direito se traduz fundamentalmente na questão de saber de que modo se constitui e manifesta o Direito positivamente vigente numa determinada comunidade histórica ou seja, de que modo o Direito se objectiva aí como Direito. E, segundo este autor, o problema das fontes do direito é passivel de ser analisado de uma pluralidade de perspectivas: na perspectiva jurídico–sociológica, na perspectiva jurídico–histórica, na perspectiva jurídico–filosófica, na perspectiva jurídico–dogmática, etc.. Dado o carácter naturalmente polissémico da expressão, são vários os entendimentos possiveis do conceito em causa. Ou, dito de outro modo, a expressão pode ser tomada num dos sentidos seguintes:

a) Enquanto fonte de conhecimento – isto é, reduzindo o conceito de fonte de direito aos locais ou textos onde se encontra o Direito. É esta a concepção tradi-cional, estatisto–legalista, que enquadra o problema das fontes de direito a partir de uma perspectiva político–constitucional.

b) Enquanto fontes genéticas ou materiais – reduzindo o problema das fontes do direito apenas à consideração dos factores históricos, sociais, políticos,ideológicos e culturais que se afirmam determinantes para a fixação do conteúdo do próprio Direito.

c) Enquanto fontes de validade – levando apenas em consideração o fundamento de validade das normas jurídicas.

d) Enquanto fontes de juridicidade – aparecendo como fulcro da questão a análise dos modos específicos graças aos quais uma certa normatividade se constitui como normatividade de Direito.

De acordo, ainda, com Castanheira Neves, só este sentido justifica a autonomização do problema específico das fontes de direito.

Assim, sequencialmente, estudaremos as fontes do direito comunitário originário – os Tratados comunitários e da União Europeia – as fontes de direito comunitário derivado – os regulamentos, as directivas, as decisões, as recomendações, os pareceres, os demais actos da Autoridade Comunitária não previstos expressamente nos Tratados, os actos relativos à política externa e de segurança comum e à cooperação em matéria de justiça e assuntos internos e as declarações e os acordos interinstitucionais –, a jurisprudência, as fontes de direito internacional público, os acordos concluídos entre os Estados membros e a doutrina.

Written by Joao Pedro Dias

19 Março 2006 at 11:40 pm

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Direito Comunitário: âmbito do conceito

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O direito comunitário é composto pelo o conjunto de normas jurídicas que regulam e disciplinam a organização e o funcionamento das Comunidades Europeias e da União Europeia.

Desenvolvendo e concretizando um pouco mais o conceito, teremos que integram o direito comunitário:

a) As regras jurídicas que regem e disciplinam as relações entre a União Europeia e as Comunidades Europeias, por um lado, e os respectivos Estados membros, por outro;

b) As regras jurídicas que regem e disciplinam em variados domínios as relações entre cidadãos, empresas, Estados membros, União Europeia e Comunidades Europeias (com particular incidência para as normas jurídicas que corporizam as políticas comunitárias);

c) As regras jurídicas que conformam, nos mais variados aspectos, a existência das instituições da União Europeia e das Comunidades Europeias (forma de composição, competências, modo de funcionamento, relacionamento interinstitucional, etc.);

d) As normas jurídicas que fixam a forma de recurso e tramitação ante as instâncias jurisdicionais da União Europeia e das Comunidades Europeias.

Conforme veremos com mais detalhe adiante, este vasto conjunto de normas jurídicas — todas elas normas de direito comunitário — reparte-se entre aquelas cuja origem radica em acordos intergovernamentais estabelecidos entre os Estados membros (as normas que constam dos Tratados comunitários, o chamado direito comunitário originário) e os actos normativos que são produzidos pelas instituições comunitárias, que para tanto foram habilitadas pelos Tratados (o chamado direito comunitário derivado).

No plano metodológico, e como forma de facilitar o respectivo estudo, o núcleo essencial deste vasto universo jurídico pode ser decomposto em dois grandes grupos normativos que, apesar de não englobarem todas as normas de direito comunitário e de deixarem de fora domínios que ten-dem a reforçar a sua importância, dão origem ao direito comunitário institucional e ao direito comunitário económico.

Written by Joao Pedro Dias

19 Março 2006 at 11:36 pm

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As Comunidades Europeias e a União Europeia como comunidades de direito

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Veremos a seu tempo que as organi­za­ções que centrarão a essência da nossa aten­ção — as diferentes Co­munidades Europeias e a União Europeia — consti­tuem ver­dadeiras co­munida­des de di­reito. Não só foram cria­das com re­curso a clássicos ins­trumentos de di­reito inter­naci­onal público — os Trata­dos fundacionais — como, sobre­tudo, são entidades dotadas de uma estrutura institu­cio­nal própria habili­tada a produzir unilate­ralmente verda­deiras normas ju­rídicas em tudo idênticas às que são produzi­das pelos aparelhos estadu­ais e que se im­põem a um vasto conjunto de destinatários onde se in­cluem não apenas os Estados mem­bros responsáveis pela respec­tiva criação como, igualmente, cida­dãos, em­presas, asso­cia­ções, pessoas ju­rídicas em sentido lato, que ac­tuem dentro das frontei­ras comuns.

Written by Joao Pedro Dias

19 Março 2006 at 11:32 pm

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Introdução ao direito comunitário. Razão de ordem

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O desenvolvimento recente, com apenas meio século de idade, do fenómeno de in­tegração política e económica da Eu­ropa — consubstan­ciado no processo de cria­ção das Comuni­da­des Europeias e posteri­or­mente da União Eu­ropeia — veio conferir um destaque es­pecial ao di­reito co­munitá­rio.

São várias as manifestações que confirmam um tal destaque.

Desde logo o facto de, actualmente, devido à profusa produção normativa co­munitária a cargo das instituições comuns, rapidamente che­garmos à conclusão que, em cada ano, mais de metade dos actos normativos que en­tram em vigor nos Estados comunitários acaba­rem por ser motivados por injunções comunitá­rias. Isto deve-se, basicamente, à ca­racte­rística tí­pica e endógena de parte si­gnifica­tiva das normas de direito comunitá­rio as quais se des­tinam, directamente ou indirecta­mente — neste caso requerendo ac­tos normativos de di­reito nacional que pro­movam a sua transposi­ção para a ordem jurídica dos diferentes Esta­dos membros — a vigorarem nessas mesmas or­dens jurídicas nacionais.

Por outro lado, e acompanhando o relevo que a produção normativa emanada das instituições comunitárias vai adquirindo, os estudos do di­reito comunitário conhecem um acentuado re­levo e interesse no âmbito de planos de estu­dos de cursos superiores e — o que é significa­tivo para ilustrar a sua importância — não ape­nas no plano dos cursos jurídicos universitá­rios.

Finalmente, e ainda no quadro desta introdu­ção, deve referir-se que esta tendência para a dignificação e para o acréscimo de importância do direito comunitá­rio foi reforçada, de sobremaneira, pelo facto de am­bas as organiza­ções que lhe estão indis­so­ciavelmente ligadas, as Comunidades Euro­peias e a União Europeia, serem, cla­ra­mente, comunida­des de direito.

Written by Joao Pedro Dias

19 Março 2006 at 11:28 pm

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O advento de uma nova ordem jurídica

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A assinatura dos Tratados de Paris (1951) e de Roma (1957), para além de origi­nar o nascimento de três Comunidades Europeias distintas (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, Comunidade Europeia e Comunidade Europeia da Energia Atómica) veio, igualmen­te, assinalar o advento de uma ordem jurídica nova.

Tal ordem jurídica caracteriza–se por ser constituída por um complexo e diversificado conjunto de normas jurídicas, hierar­quizadas e co­ordenadas que, nomeadamente:

a. Fixam os objectivos assinalados a cada uma dessas Comuni­dades;

b. Enunciam os instrumentos necessários para a realização dos referidos ob­jectivos;

c. Determinam a estrutura orgânico–institucional das diferentes Comuni­da­des;

d. Definem as competências das instituições e dos órgãos dessas mes­mas Comunidades;

e. Assinalam as modalidades de funcionamento das instituições e dos ór­gãos de cada Comunidade;

f. Determinam as regras e os princípios de natureza financeira que presidem à actuação das diferentes Comunidades, fixando, igualmente, os grandes princí­pios de natureza orçamental que as mesmas devem respeitar;

g. Estabelecem os princípios que presidem ao relacionamento externo das dife­rentes Comunidades: 1. Com os diferentes Estados membros; 2. Com Estados terceiros, isto é, Estados não membros das Co­muni­dades; 3. Com outras organizações internacionais;

h. Definem os grandes quadros jurídicos em matéria económico–social em que se consubstanciam os diferentes objectivos das Comunidades e as dife­rentes políticas que as Comunidades prosseguem.

Vê–se, assim, que esta nova ordem jurídica comunitária é integrada não só por normas de direito institucional como, igualmente, por normas de direito material. No seu con­junto constituem o denominado direito comunitário que, doravante, constituirá o objecto central do nosso estudo.

Written by Joao Pedro Dias

19 Março 2006 at 11:23 pm

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Energia domina o debate europeu a uma semana da Ci…

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Energia domina o debate europeu a uma semana da Cimeira. A Europa bate-se pela criação de uma política energética comum, uma proposta da Comissão Europeia, surgida no recentemente publicado Livro Verde da Energia.A Comissão quer diversificar as fontes de energia; os Estados querem poder de decisão. Mas falar de energia implica falar de poluição.Numa conferência, ontem, em Bruxelas, sobre desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e acção internacional, o cientista Nicholas Stern defendeu a possibilidade de “recuperar e armazenar, no subsolo, o dióxido de carbono produzido pelos combustíveis”, lembrando que este pode ser um “contributo muito importante na política de energia e segurança e na luta contra as mudanças climáticas”.Mas os ambientalistas querem mais. Para o World Wildlife Found é preciso pensar em aprovisionamento energético, mas também na eficácia com que é utilizada a energia e sobretudo nas políticas de consumo. Este organismo acusa o Livro Verde da Comissão de não apresentar soluções. “O Livro Verde, que foi publicado na semana passada, não aborda aspectos-chave da política de energia sustentável como o aprovisionamento e a eficácia da utilização, que são apenas mencionados de forma vaga no texto. Não há objectivos, não há um calendário para um aumento da eficácia e uma baixa do consumo energético, infelizmente”, afirma Oliver Rapf, do gabinete de estudos de mudanças climáticas do WWF.O eurodeputado socialista Robert Goebbels pensa que se trata de uma área que deve ser sujeita a uma política global no seio da União. Goebbels defende que não há nenhum Estado, mesmo dos maiores, que tenha um peso considerável nesta matéria na cena mundial e propõe: “Nesta matéria, como noutras, é preciso um patriotismo económico, que deve ser europeu. É preciso sobretudo vontade para ter uma política industrial para a Europa e não apenas em matéria energética, mas também noutros sectores”.Uma política energética comum, mas em que moldes é o que vão debater os chefes de Estado e de governo na Cimeira Europeia da próxima semana. O assunto domina a agenda da cimeira Por enquanto, só há uma certeza: energia é precisa. Depois, sobram as questões: Que tipos de energia, como geri-la, como armazená-la como racionalizar o seu consumo. [Via Euronews.net, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

17 Março 2006 at 6:37 pm

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UE/Cimeira: "É preciso traduzir os objectivos políticos em acções concretas"

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O presidente da Comissão Europeia instou os 25 a passar das promessas aos actos, numa carta dirigida aos líderes europeus em vésperas da Cimeira da Primavera, que se realiza em Bruxelas. Na missiva, enviada ao chanceler austríaco Wolfgang Schussel e aos restantes 24 chefes de Estado ou Governo da União Europeia, e hoje divulgada, Durão Barroso aponta aquelas que a Comissão considera as prioridades para o Conselho Europeu de 23 e 24 de Março, e diz esperar “que o debate da cimeira se foque claramente na acção”. A Cimeira da Primavera – como é conhecido o Conselho Europeu que se realiza em Março – vai concentrar-se este ano no debate em torno da Estratégia de Lisboa para o crescimento e emprego, assim como na estratégia comum europeia para o sector energético. O presidente do executivo comunitário defende que a Cimeira deve concentrar-se em fazer progressos em quatro áreas, designadamente o investimento na educação e investigação, a promoção de emprego, a aposta no crescimento económico e a adopção de uma estratégia comum com vista a uma energia sustentável, competitiva e segura. Recordando a revisão da Agenda de Lisboa, para o crescimento e emprego, acordada há precisamente um ano, na Cimeira da Primavera de 2005, Barroso sustenta que chegou a altura de a União Europeia e os seus Estados-membros “mostrarem resultados” e de, neste Conselho,enviarem uma “mensagem convincente” aos cidadãos. “Temos de mostrar agora como estamos a traduzir os objectivos políticos em acções concretas”, escreve, acrescentando mais à frente na missiva que é preciso a UE sublinhar a sua “determinação em ir ao encontro das expectativas dos cidadãos” e haver a coragem de não evitar os tópicos difíceis. Sublinhando uma vez mais a importância da consolidação de um verdadeiro Mercado Interno, e referindo-se em concreto à proposta de liberalização de serviços (a famosa directiva Bolkenstein), Barroso indica que a Comissão vai apresentar no início do Abril a sua proposta revista, “largamente baseada” nas alterações propostas pelo Parlamento Europeu, e apela aos 25 que manifestem nesta cimeira o seu apoio ao processo. [Via RR, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

17 Março 2006 at 1:02 pm

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Energia: Bruxelas pressiona Moscovo. A União Europ…

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Energia: Bruxelas pressiona Moscovo. A União Europeia aproveita a Cimeira do G8, dedicada à energia, e pressiona a Rússia para que assuma compromissos de longo prazo. A Europa ganhou uma nova consciência da sua dependência energética com as perturbações no fornecimento de gás natural, no início do ano, por causa da guerra entre a Gazprom e a Ucrânia.Vinte e cinco por cento de todo o gás natural consumido na Europa vem da Rússia. Uma dependência moderada em países como a França (25,3 %), a Itália (26,3 %) ou a Alemanha (37,8 %), mas mais pesada na Polónia (42,5 %), na Áustria (65,7 %) ou na Hungria (65,9 %), por exemplo. Alguns países dependem mesmo a 100% desta energia: é o caso da Finlândia e das três repúblicas bálticas.Para a Europa, uma das melhores garantias seria ver o gigante russo Gazprom abrir os seus gasodutos aos produtores independentes. Um cenário que não agrada a Moscovo, que considera que o seu sector do gás já está suficientemente liberalizado.Na reunião desta sexta-feira, de Durão Barroso com Vladimir Putin, o presidente da Comissão vai evocar a ratificação da Carta da Energia, que garante a segurança do aprovisionamento e do transporte de gás natural, mas que Moscovo não tenciona subscrever.Esta dependência energética europeia leva os ecologistas a pedirem mais investimento nas energias alternativas – que é também o desejo da Comissão Europeia. Mas os Vinte e Cinco não conseguiram, ainda, chegar a uma política energética comum: 25 minimercados energéticos, auto-regulação ou mesmo uma NATO da energia – proposta pela Polónia e onde cada país teria obrigações de solidariedade – são algumas das alternativas que vão também ser discutidas na cimeira europeia da próxima semana. [Via Euronews.net, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

16 Março 2006 at 6:23 pm

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Grupo dos eurocépticos suspende onze eurodeputados…

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Written by Joao Pedro Dias

16 Março 2006 at 6:12 pm

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Parlamento Europeu pede definição das fronteiras d…

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Parlamento Europeu pede definição das fronteiras da Europa. Quais são as fronteiras da União? Esta é a pergunta que o Parlamento Europeu quer ver respondida. Em 2004, a Europa alargou-se a dez novos países; no próximo ano, está prevista a entrada da Bulgária e Roménia, e a União já abriu negociações com a Turquia e a Croácia e acordou o estatuto de candidata à Macedónia.Num relatório não vinculativo, aprovado esta quinta-feira, os eurodeputados pedem à Comissão Europeia e aos Estados membros que definam a capacidade de absorção do bloco assim como as suas fronteiras geográficas.Sem Constituição Europeia, depois da adesão da Roménia e da Bulgária, a União fica sem ferramentas legais que lhe permitam funcionar: é que o Tratado de Nice, actualmente em vigor, só prevê um funcionamento a 27 Estados membros. [Via Euronews.net, com a devida vénia]

Eis uma notícia que vai perfeitamente ao encontro de dúvidas e reflexões já aqui deixadas por diversas vezes. O alargamento incessante da UE – onde por vezes parece que se confundem os conceitos de alargamento (da União) e de reunificação (do continente) – coloca um sem-número de problemas que urge serem equacionados e ponderados. Desde logo as questões institucionais de funcionamento interno da própria União, absolutamente impreparada para funcionar a 25, 27 ou mais; depois, a projecção das fronteiras da União alargada para zonas de conflito e de vizinhanças problemáticas tornando-nos vizinhos de alguns Estados-párias – são questões que não podem ser descuradas dum debate que faz falta ser travado e que, em boa hora, o Parlamento Europeu parece ter decidido encetar.

Written by Joao Pedro Dias

16 Março 2006 at 1:54 pm

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UE: Durão, o "vento favorável" e a Agenda de Lisboa

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Em Estrasburgo, Durão Barroso iniciou a sua intervenção sobre o Conselho Europeu da próxima semana referindo que a Cimeira da Primavera, como é designada, tem lugar “num momento importante”, marcado pelos primeiros sinais de crescimento da confiança dos consumidores, aumento do investimento e a melhoria gradual dos números do crescimento. “Estas são todas boas notícias. Vamos aproveitar este vento económico favorável para dar um novo impulso à nossa agenda para o crescimento e emprego”, declarou. Para Barroso, este também não é o momento para o “nacionalismo económico”, e uma vez mais apelou aos Estados-membros que evitem a “retórica nacionalista”, sustentando que a Europa só terá força com “campeões globais”, e não “campeões nacionais”. Perspectivando o Conselho Europeu dos próximos dias 23 e 24, Durão sublinhou novamente a necessidade de fortalecer o mercado interno e levar a cabo uma estratégia comum no sector energética, para fazer face à globalização e aos desafios do século XXI. Em matéria de mercado interno, fez questão de agradecer à assembleia o resultado da votação favorável – com diversas emendas – à proposta de directiva sobre a liberalização dos serviços (a famosa directiva Bolkenstein), e anunciou que no início de Abril a Comissão vai apresentar a sua proposta revista, “largamente baseada” nas alterações propostas pelo Parlamento. Barroso referiu-se também à livre circulação de trabalhadores, e aplaudiu a decisão de Portugal, Espanha e Finlândia de levantarem as restrições à entrada de trabalhadores de oito dos novos Estados-membros, da Europa de Leste, afirmando-se “impaciente” por ver outros países tomarem a mesma decisão. Quanto ao Livro Verde sobre a Energia que a Comissão vai apresentar aos líderes europeus, Barroso reafirmou a necessidade de a Europa se dotar de um verdadeiro mercado único de electricidade e gás. [Via RR, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

15 Março 2006 at 8:45 pm

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Recursos académicos

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Na coluna da esquerda, com link para o blog, a relação completa das diferentes reuniões do Conselho Europeu, com síntese dos principais assuntos nas mesmas tratados.
Na mesma coluna, a lista com a sequência de todas as anteriores e das próximas presidências do Conselho da União Europeia.

Written by Joao Pedro Dias

15 Março 2006 at 7:02 pm

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Europa chocada com violência apela à calma no Médi…

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Europa chocada com violência apela à calma no Médio Oriente. A União Europeia está preocupada com a escalada de violência no Médio Oriente e apelou à calma, um dia depois do assalto israelita à prisão de Jericó, que levou à rendição dezenas de militantes palestinianos e a sequestros e assaltos dos edifícios europeus na região.Joseph Borrell, o presidente do Parlamento Europeu, estava chocado com a acção: “Temos de interrogar-nos, todo o mundo se interroga hoje, como e de que forma uma acção militar deste tipo serve para reforçar a segurança de Israel; como e de forma as imagens humilhantes que vimos na televisão com a destruição desta prisão com bulldozers contribuem para a segurança de Israel.”O presidente da Autoridade Palestiniana partiu de urgência para os territórios. Mahmud Abbas não pôde, pois, ir ao Parlamento Europeu, onde, esta quarta-feira, devia discutir a ajuda da União ao povo palestiniano. A Comissária para as relações externas, Benita Ferrero Waldner, recorda a importância da ajuda europeia: “Fomos nós que fornecemos uma ajuda constante ao povo palestiniano e, obviamente, o povo palestiniano será o primeiro a sofrer em caso de quebra da lei e da ordem. E, repito, isto tem realmente de acabar o mais depressa possível.”A União Europeia é o principal doador de fundos ao povo palestiniano. Mas a situação é agora incómoda para Bruxelas. A União vai continuar a ajudar o povo, mas quer evitar que o dinheiro passe pelo Hamas. A organização, considerada terrorista por Bruxelas, ganhou as eleições em Janeiro último. A União pede ao Hamas que reconheça Israel e renuncie à violência. [Via Euronews.net, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

15 Março 2006 at 1:52 pm

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UE ameaça Bielorrússia com sanções em caso de frau…

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Written by Joao Pedro Dias

15 Março 2006 at 1:49 pm

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Continua a polémica sobre o proteccionismo energét…

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Continua a polémica sobre o proteccionismo energético na Europa. O presidente alemão aponta o dedo ao proteccionismo dos parceiros europeus no que toca à energia. Horst Koehler foi recebido no Parlamento Europeu. Perante os eurodeputados, criticou o proteccionismo de certos governos, acusando-os de debilitarem a competitividade da Europa no mundo: “Aquele que enfraquece o mercado interno europeu através do proteccionismo está a automutilar-se.”A crítica é directa para a França. Em Fevereiro último, Paris anunciou um projecto de fusão entre as empresas francesas Gaz de France e Suez. Uma manobra vista pelos analistas como uma forma de evitar a OPA lançada pela italiana Enel sobre a Suez.As críticas do presidente alemão surgem no mesmo dia em que, em Berlim, Jacques Chirac presidia com Angela Merkel um conselho de ministros franco-alemão, no qual a questão energética foi um dos temas centrais.O presidente francês aproveitou a ocasião para refutar as críticas do seu homólogo alemão. Jacques Chirac fez questão de dizer que considera “absurdas” as acusações de proteccionismo e apresentou mesmo dados concretos: “Todos os números oficias mostram que, em França, se compararmos o PNB, temos duas vezes mais investimentos estrangeiros do que na Alemanha e três vezes mais do que em Itália. O que significa que, nesses aspecto, a França é um dos países mais livres de toda a Europa.” Em Bruxelas, o ministro francês da Energia, veio deitar mais achas na fogueira. Thierry Breton fez questão de declarar que o “patriotismo económico” é um conceito moderno e largamente aceite em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos. O ministro participava, com os seus homólogos dos Vinte e Cinco, numa reunião onde a questão do proteccionismo foi alvo de grande debate. [Via Euronews.net, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

14 Março 2006 at 1:42 pm

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Vinte e Cinco continuam divididos sobre a directiv…

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Written by Joao Pedro Dias

13 Março 2006 at 1:40 pm

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Roménia e Bulgária desdobram-se em operações de ch…

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Roménia e Bulgária desdobram-se em operações de charme junto da UE. Franco Fratini está optimista sobre a adesão da Roménia e da Bulgária, no próximo ano, como inicialmente previsto, embora ambos os países tenham assinado uma cláusula que permite atrasar, por um ano, a entrada no grupo. De visita a Bucareste, o comissário para a Justiça felicitou o executivo romeno pelos esforços na reforma do sistema judicial e no combate à corrupção. O primeiro-ministro, Calin Popescu Tariceanu, explicou que o departamento anticorrupção se tornou “uma instituição eficaz, liberta das inibições do passado”. E afirmou: “Podemos dizer que demos um importante passo na reconstrução de uma justiça, independente de qualquer factor político.”Tal como a Roménia, também a vizinha Bulgária tem adesão prevista para 2007 – com a eventualidade de ser igualmente atrasada por um ano. Para já, o executivo de Sofia dedica-se a operações de charme: os ministros búlgaros do Interior e da Justiça foram a Bruxelas encontrar-se com o comissário Olli Rehn, responsável pelo Alargamento. Querem mostrar que, apesar da lentidão, a justiça búlgara começa a perseguir os os altos responsáveis, acusados de má gestão – algo que era impensável ainda há poucos meses.Os dois países aguardam ansiosamente o próximo relatório da Comissão Europeia, que deverá ser apresentado a 16 de Maio. Mas a decisão final, sobre a adesão, será tomada em Junho, na cimeira dos chefes de Estado e de governo. [Via Euronews.net, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

13 Março 2006 at 1:37 pm

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Ajudas aos palestinianos: UE espera para ver posiç…

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Written by Joao Pedro Dias

10 Março 2006 at 1:33 pm

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Cavaco vs Freitas

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Cavaco Silva tomou hoje posse como Presidente da República. E, como já o havia dado a entender, mostrou que as questões europeias não serão alheias ou estranhas ao exercício do seu mandato. Com alguma segurança poder-se-á, mesmo, prever que estaremos em domínio a que Belém irá dedicar uma atenção muito particular. E, nessa medida, não deixa de ser curioso averiguar até que ponto a sua visão da política europeia em particular e da política externa portuguesa em geral se irá compatibilizar com as visões que têm sido protagonizadas pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros. Sem dúvida que será uma área a acompanhar de perto e a seguir com atenção. Sobretudo tendo em conta que será já no próximo ano que Portugal voltará a exercer a presidência de turno da União Europeia – como Cavaco recordou hoje mesmo no seu discurso de investidura….

Written by Joao Pedro Dias

9 Março 2006 at 7:17 pm

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Presidência austríaca da União quer reforçar fornt…

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Written by Joao Pedro Dias

9 Março 2006 at 5:37 pm

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Este livro, talvez o mais surpreendente e controv…

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Este livro, talvez o mais surpreendente e controverso alguma vez escrito sobre a Europa, encosta à parede a maior parte dos nossos lugares-comuns relacionados com o tema. Não só antecipa a inevitabilidade de um vasto alargamento europeu a sul e a leste, integrando a prazo todo o mundo muçulmano da orla mediterrânica, como coloca as fronteiras meridionais da Europa no Sara (e não no Mediterrâneo) e as suas fronteiras orientais para lá do Golfo Pérsico. De fora fica a referência obrigatória a uma matriz cultural judaico-cristã.
Negando aliás a existência de uma verdadeira matriz cultural europeia, e por isso sublinhando a necessidade da sua criação artificial através da educação e da acção política concertada, defende ainda a urgência de instituir uma língua verdadeiramente comum, a aprender desde os bancos da escola a par da língua materna.
Em contrapartida, alerta contra os enormes perigos de um avanço institucional e territorial demasiado rápido, dos contrastes internos da riqueza, de uma política monetária demasiado restritiva e de um cosmopolitismo apenas ilusório; e critica a absoluta falta de visão dos dirigentes políticos que têm permitido uma imigração caótica e muito pouco selectiva, prestes a abrir fissuras irremediáveis no tecido social europeu.
Assumindo-se como profético, mas de um realismo impiedoso, este livro arrisca-se a relançar o debate europeu num novo patamar de análise e de controvérsia, agora que as instituições pareciam emperrar devido à emergência progressivamente mais descarada dos egoísmos nacionais.
Uma leitura absolutamente indispensável, para quem não queira ficar amarrado às perspectivas obsoletas de um ciclo político que está prestes a concluir-se.

Uma visão da Europa. Em busca de uma identidade
Rui Valada
Graal Editores
ISBN: 972-8977-00-X
Amadora 2006

Written by Joao Pedro Dias

7 Março 2006 at 2:00 am

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UE: O estudo e a penalização portuguesa

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O estudo do laboratório de economia “Bruegel”, em Bruxelas, feito pelos economistas Jean Pisani-Ferry e Alan Ahearne, explica que, nos países em que as diferenças entre as taxas de inflação e de crescimento económico face aos outros Estados membros foram persistentes, depois da adesão à União Económico e Monetária, houve variações significativas das taxas de câmbio real. A taxa de câmbio real é o valor da moeda descontada a inflação. Portugal, que manteve taxas de inflação muito altas entre 1999 e 2005 (de 2,3 a 4,4%), e uma quase constante divergência real de crescimento face aos parceiros, a taxa de câmbio real subiu 30%, retirando competitividade às suas exportações. A economia portuguesa não conseguiu compensar esta valorização do câmbio real com a melhoria da produtividade, como fez a Irlanda, pelo que tem sido penalizada nos mercados externos, concluem os economistas. A quota de mercado das exportações portuguesas tem vindo a cair ao longo dos últimos anos. A perspectiva de entrada no euro permitiu a Portugal experimentar um período de forte crescimento económico, sustentado sobretudo pelo consumo, beneficiando da descida sucessiva das taxas de juro e do aumento do crédito. No entanto, os “sérios erros de política” que foram cometidos, dizem os economistas que fizeram o estudo, acabaram por penalizar a economia. Portugal desleixou-se na condução da política orçamental, com o Estado a continuar a alargar o ritmo de crescimento das despesas, referem os especialistas, agravou a dívida externa e dificultou o crescimento da actividade económica. A política orçamental expansionista adoptada foi exactamente o contrário do que devia ter sido feito, consideram no estudo. Para os dois economistas, a lição dos primeiros sete anos do euro é a de que a vigilância sobre as condições do pacto orçamental que une países da União Europeia (Pacto de Estabilidade e Crescimento) é excessiva, pecando por falta de atenção à política económica dos Estados membros. [Via RR, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

6 Março 2006 at 9:02 pm

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UE: As recomendações da OCDE quanto à taxa de juro

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Segundo Jean-Philippe Cotis, economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos, o BCE só deve voltar a subir os juros quando existirem sinais claros de que o abrandamento económico está afastado e as pressões inflacionistas estão a aumentar. Este economista defende ainda que a economia dos países industrializados voltou a acelerar no início deste ano e, por outro lado, a confiança dos empresários alemães, a maior economia da Europa, está de novo em alta. Ainda assim, segundo a OCDE, a meio do ano o crescimento económico na Zona Euro ainda estará abaixo do seu potencial. [Via RR, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

6 Março 2006 at 8:53 pm

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O Presidente eleito Cavaco Silva concedeu a sua pr…

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O Presidente eleito Cavaco Silva concedeu a sua primeira grande entrevista de fundo ao jornal espanhol ABC. Na referida entrevista a análise das questões europeias assumiu relevo e destaque. Aqui fica, na íntegra, o texto hoje publicado na edição impressa do ABC.

-¿Cuáles son los retos que usted se ha marcado para su Presidencia?

– Portugal se ha visto envuelto en cuatro elecciones en los últimos dieciocho meses: Parlamento Europeo, Asamblea de la República, comicios municipales y elecciones presidenciales. Tiene ahora por delante la posibilidad de estar tres años y medio sin cualquier disputa electoral a nivel nacional, lo cual es una gran responsabilidad para que los políticos portugueses puedan hacer aquello que es necesario: tomar las medidas de fondo forzosas para vencer los desafíos que se presentan. En el campo económico, esas metas resultan de la globalización y de la ampliación de la Unión Europea al Este. Como presidente de la República pretendo crear las condiciones para preservar la estabilidad política, fundamental para que Portugal venza las dificultades, así como crear condiciones para alcanzar grandes consensos en las fuerzas políticas. Creo en las virtudes del diálogo para la acción, y tal como dije en la campaña electoral, estoy muy abierto a la cooperación estratégica con los otros órganos de soberanía, en particular con el Gobierno. Y siendo presidente, elegido directamente por el pueblo, voy a actuar de tal forma que pueda movilizar a los portugueses, aprovechar las energías nacionales, con el objetivo de vencer las dificultades en las que se encuentra el país.

-Hace veinte años Portugal entraba en la UE, con España. ¿Qué balance hace de la UE hoy?

-La UE es el proyecto de mayor éxito después de la II Guerra Mundial, y la prueba está en el número de estados que quieren entrar. Es un proyecto que tiene dificultades, pero muchas ya han sido superadas en el pasado y estoy convencido de que ocurrirá lo mismo ahora. Recuerdo que cuando la adhesión de España y Portugal, la expresión más usada era «euroesclerosis».

-¿Cree que sería beneficioso un Tratado Constitucional europeo?

-Yo nunca fui entusiasta de la expresión «Tratado Constitucional». Después de un largo debate se llegó al acuerdo de un texto, posteriormente rechazado en Francia y en Holanda. No creo que en este momento sea posible resucitar el texto tal como está, pero es un buen punto de partida para una nueva reflexión que es necesario realizar para proceder a alteraciones de los tratados. Hay un reconocimiento general de que aquello que salió de Niza no responde a las ambiciones actuales de la Unión Europea. Es necesario debatir sobre enmiendas del tratado y para eso hay que movilizar a los ciudadanos, no es posible hacer alteraciones de espaldas a ellos. Las elites deben convencer a los europeos de que una mayor integración es necesaria para responder a sus preocupaciones: desempleo, seguridad social, seguridad interior, emigración, globalización. Los líderes deben demostrar que se preocupan de las verdaderas inquietudes de los europeos y que los cambios en el tratado son para que Europa pueda vencer en este mundo global.

-¿Tiene más fe en un mercado común que en una unión política?

-No, la UE tiene que reforzar la dimensión política para que su voz suene más fuerte en la escena internacional. Lo que está en juego en esta revisión de los tratados es una mayor eficiencia de las instituciones, pero también reforzar la dimensión política para que Europa no sea una gran potencia económica sin contenido político.

-Hemos visto que la reacción en Francia a una opa de una compañía alemana sobre una española ha sido la de unir dos compañías francesas con cuestionamientos por parte de la Comisión Europea. ¿La UE debe construirse transnacionalmente o potenciando cada país?

-Hay unas libertades esenciales en la UE, las de movimiento de mercancías, servicios, capitales y personas, que justifican la existencia de un mercado interno, y que son los grandes pilares, por lo que deben ser respetadas. Pero existe un trabajo inacabado sobre la libertad de servicios. Creo que el proteccionismo no es respuesta a los problemas de la UE, aunque puedo comprender determinadas actitudes de las opiniones públicas cuando están en causa grandes empresas con intereses nacionales muy fuertes. Hay que dejar funcionar el mercado y las reglas vigentes de la competencia. Lo que pueda ser hecho para conservar lo que llamamos los centros de decisión estratégica no puede ser en violación de las reglas comunitarias ni debe ser realizado a costa de los consumidores. Se deben tener en cuenta las sensibilidades cuando están en causa grandes empresas y las opiniones públicas piensan que pueden herirse los intereses estratégicos.

-¿Y las sensibilidades nacionales?

-No pueden violar las reglas del mercado interno. Pero en todos los países existen esfuerzos de los gobiernos para que la propiedad de algunas grandes empresas quede en posesión nacional, porque están convencidos de que si no fuera así algunos intereses del país, muy importantes, podrían ser tocados, y por eso es una cuestión que debe ser analizada con cuidado.

-Hace veinte años había dos Europas y un Occidente. Hoy, una Europa y probablemente dos Occidentes. ¿Es responsabilidad de EE.UU., de la UE o de los dos por igual?

-Europa y EE.UU. comparten valores de civilización comunes. Lo que une a los dos lados del Atlántico es mucho más fuerte que lo que ocasionalmente los puede dividir. Europa y EE.UU. deben tener una cooperación saludable para combatir la pobreza, garantizar la seguridad, defender los derechos humanos, conseguir un desarrollo sostenible… Es de interés estratégico para Europa mantener una buena relación con EE.UU. sin que eso signifique una relación de sometimiento. Soy un defensor del diálogo y de la cooperación trasatlántica. Tanto un lado como otro emprendieron alguna cosa errada en los tiempos difíciles de la guerra de Irak, y espero que esas situaciones que no salieron bien, en las que ambos aprendieron, no se repitan.

-¿Debería Europa aspirar a ser un poder alternativo a los EE.UU.?

-Creo que Europa no debe intentar ser una fuerza alternativa, sino cooperar con los EE.UU., y esto no quiere decir que Europa deba estar de acuerdo con todo lo que defiendan los americanos. No me parece que sea adecuado que tenga una estrategia como potencia alternativa, no es bueno.

-¿Qué opinión tiene de que se celebrase en territorio portugués la cumbre de las Azores?

-Fueron circunstancias especiales en las que el diálogo de los dos lados del Atlántico no funcionó bien. En Portugal, felizmente, fue posible mantener un entendimiento entre el presidente de la República y el Gobierno.

-¿Cómo interpreta la propuesta de promover una Alianza de Civilizaciones que hicieron los jefes de Gobierno de España y Turquía?

-Forma parte de las democracias occidentales la apertura al diálogo, al conocimiento entre pueblos y culturas, y ése es el camino cierto para combatir los odios, los fanatismos que después alimentan el terrorismo. Concuerdo en que se hable de diálogo de civilizaciones y no de choque de civilizaciones. Hay valores fundamentales de la democracia que no pueden ser abandonados, como los derechos humanos o la defensa de las libertades fundamentales, y creo que en las diferentes civilizaciones hay personas de bien dispuestas a dialogar seriamente.

-¿En qué cree que Occidente puede y debe hacer concesiones?

-Es difícil decir dónde se debe hacer concesiones, pero sí sé dónde no se puede, como en los principios fundamentales de la democracia. No puede ponerse en causa nuestra forma de vivir, en la que existen libertades que constituyen la esencia de la democracia.

-Antes de las elecciones valoraba las relaciones con España como «suficientes». Suena a poco…

-Alcanzaron un estatuto de normalidad y me enorgullezco de haber contribuido a ello. En el tiempo en el que fui primer ministro se dieron pasos muy importantes para el desarrollo de una cooperación en todos los dominios, y hoy tenemos relaciones normales entre dos países que son vecinos, que pertenecen al mismo espacio político y de defensa. Los dos han desarrollado acciones de cooperación y en la mayor parte de los casos las posiciones coincidieron. Es decir, que hay más convergencia que divergencia y las relaciones entre ambos son hoy intensas. Portugal es uno de los mercados más importantes para España, más importante que América Latina, que EE.UU., tal como España es un mercado más importante para las empresas portuguesas. Antes de la entrada en la UE, esto no era así. Existe todavía espacio para profundizar en el intercambio, ya que si Europa es cada vez más un mercado único, también la península Ibérica es cada vez más un mercado único. Quiero subrayar que el Rey siempre estimuló una mayor cooperación entre los dos gobiernos.

-¿Ya no somos vistos con miedo los españoles?

-Portugal tiene casi novecientos años de historia, con una identidad muy fuerte, y no tiene temores de ninguna clase respecto de España. Son dos estados soberanos con sus intereses propios, pero igualmente hay intereses mutuos y el diálogo ha sido fácil.

-¿La asimetría del modelo territorial en los dos países perjudica la eficacia en asuntos como la lucha contra los incendios?

-No, no lo veo así. La centralización en Portugal prueba que es un país con una fuerte unidad que no tiene problemas lingüísticos, étnicos o religiosos. En referendo, el pueblo portugués rechazó la creación de regiones. Más del 60 por ciento del electorado dijo que no, y es una prueba de una identidad fuerte de Portugal. No creo que por no tener regiones administrativas se dificulten las relaciones con las comunidades transfronterizas españolas.

-Usted es un hombre que proviene del centro derecha portugués…

-Soy un socialdemócrata. ¡Por razón y corazón!

-¿Habrá alguna razón por la que las dos veces que ha llegado al poder haya sido coincidiendo con gobiernos socialistas en España?…

-No hay una correlación (risas), son circunstancias. Cuando dije que me presentaba a las elecciones presidenciales a título suprapartidista, los portugueses entendieron lo que quería decir porque saben que las palabras que digo significan lo que pienso. Seré un presidente independiente de todas las fuerzas políticas, porque en este tiempo que Portugal vive es necesario un trabajo en común entre Asamblea, Gobierno y Presidencia de la República.

Written by Joao Pedro Dias

5 Março 2006 at 11:42 pm

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Conflito de políticas comunitárias. Existe conflit…

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Written by Joao Pedro Dias

3 Março 2006 at 7:40 pm

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UE: Para não dispersar recursos…

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A Europa deve trabalhar em conjunto na ajuda humanitária internacional para garantir que não se dispersem recursos. A ideia foi defendida hoje pelo comissário europeu responsável por essa ajuda, segundo o qual os recursos dos vários países da União Europeia estão mesmo a ser desperdiçados por falta de coordenação. A proposta de Louis Michel passa por enviar apenas uma missão europeia para cenários onde faça falta a ajuda humanitária, em vez de existirem missões de vários países. Segundo Bruxelas, a União Europeia é o maior doador do mundo desse tipo de auxílio com um montante que, por exemplo em 2004, foi mais de duas vezes superior à ajuda enviada pelos Estados Unidos. [Via RR, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

3 Março 2006 at 2:11 am

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UE: Crescimento económico abrandou na UE e na Zona Euro

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O crescimento económico na Zona Euro e na União Europeia (UE) abrandou no último trimestre de 2005, com o produto interno bruto (PIB) a crescer 0,3% face ao trimestre anterior, disse hoje o Eurostat. No terceiro trimestre, o PIB tinha crescido 0,7% em cadeia, tanto na UE como na Zona Euro. No entanto, em comparação com o período homólogo do ano anterior, o PIB cresceu 1,7% na Zona Euro, em ligeira aceleração e 1,8% na UE, adianta o Departamento de Estatísticas das Comunidades Europeias (Eurostat). O Eurostat aponta como razões para o abrandamento económico europeu o enfraquecimento do consumo, que caiu 0,2% em cadeia (em relação ao trimestre anterior) na Zona Euro e estagnou na UE, e a desaceleração do investimento, apesar de um acréscimo de 0,8% na Zona Euro e de 0,6% nos 25. O abrandamento do ritmo de crescimento das exportações, com aumentos de 0,9% na Zona Euro e de 0,8% na UE, após valores da ordem dos 3% no trimestre anterior é outra das razões para o crescimento económico mais débil. As importações também abrandaram claramente, quedando-se em subidas de 0,9% na Zona Euro e de 0,8% na UE. Para os 13 países comunitários para os quais o Eurostat divulgou estimativas de evolução do PIB no quarto trimestre, apenas a Grécia regista um andamento negativo, com uma queda de 0,2% em cadeia, enquanto na Alemanha se regista uma estagnação. Os maiores crescimentos em cadeia do PIB no quarto trimestre verificaram-se na Lituânia (2,1%), Eslováquia (1,8%) e Holanda e Hungria (1%). [Via RR, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

3 Março 2006 at 1:50 am

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Cronologia comunitária

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Actualizado o ano de 2002!

Written by Joao Pedro Dias

1 Março 2006 at 11:51 pm

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Défice alemão sob vigilância. A Comissão Europeia …

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Défice alemão sob vigilância. A Comissão Europeia confirmou, esta quarta-feira, que o governo de Angela Merkl tem um prazo de quatro meses, para adoptar medidas de combate ao défice orçamentalMas o comissário Joaquin Almunia está confiante numa correcção rápida. Em conferência de imprensa, o comissário disse que “a Alemanha tem de assegurar que o seu défice orçamental ficará ligeiramente abaixo dos 3 por cento, até ao final de 2007. A decisão do procedimento contra a Alemanha mostra que ninguém, mesmo as grandes economias da União Europeia se pode subtrair às regras. O tratamento é igual para todos, pequenos e grandes países. É preciso cumprir o pacto”O défice alemão situava-se nos 3,3 por cento, em 2005, prevendo-se que cresça, em 2006. Um dédice que reflecte também o comportamento orçamental das lands e das autarquias, que gozam de grande autonomia.Na reunião desta quarta-feira, a Comissão exortou igualmente a Polónia a redobrar esforços, para colocar o seu défice abaixo dos 3 por cento. Isto, apesar da taxa de crescimento anual ser de 5,3 por cento, uma das melhores performances da União.A ministra das Finanças de Varsóvia esteve em Bruxelas, deixou uma declaração de boas intenções, mas não adiantou nenhum prazo para a entrada da Polónia, na zona Euro.Preocupados com a troca de moeda estão os eslovénos. Os comerciantes já fazem a reconversão dos preços. Um primeiro passo para a adaptação ao Euro que vai chegar em Janeiro de 2007. [Via Euronews.net, com a devida vénia]

Written by Joao Pedro Dias

1 Março 2006 at 7:38 pm

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Quinhentos milhões para trabalhadores. São 500 mil…

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Written by Joao Pedro Dias

1 Março 2006 at 7:36 pm

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