RESPUBLICA EUROPEIA

Direito Comunitário e Assuntos Europeus. Por João Pedro Dias

Um novo «acórdão Bosman»?

leave a comment »

A imprensa de hoje faz eco da possibilidade de o Tribunal de Justiça Europeu voltar a ser chamado a pronunciar-se sobre a regulamentação do futebol europeu e mundial – antecipando a probabilidade de um novo aresto da instância jurisdicional europeia poder vir a introduzir nova revolução na legalidade futebolistica internacional vigente definida unilateralmente pela FIFA e pela UEFA, à semelhança do ocorrido há mais de uma década com a aprovação do «acórdão Bosman». Desta feita está em causa a reivindicação dos clubes europeus, que dispensam jogadores profissionais para as suas selecções, serem indemnizados e ressarcidos pelos prejuízos derivados dessa cedência, nomeadamente obrigando as federações nacionais a comparticiparem no pagamento dos salários dos atletas quando os mesmos estão ao serviço das suas selecções e a suportarem os encargos derivados de lesões eventualmente sofridas por esses mesmos atletas quando ao serviço das selecções nacionais. Para já, o advogado do Charleroi, pequeno clube belga que despoletou o processo, pretende que o juíz da causa (do tribunal de comércio belga) remeta o caso para o Tribunal de Justiça da União Europeia – confiante em que este não deixará de se pronunciar no sentido das suas pretensões, invocando para o efeito uma panóplia de argumentos jurídicos onde se insere a eventual denúncia de uma série de princípios que enformam o mercado único europeu e as liberdades em que assenta esse mesmo mercado único. O desenvolvimento deste processo – à semelhança do que ocorreu com o «acórdão Bosman» – só virá evidenciar que o futebol não é nem pode ser um mundo «à parte» submetido a regras e a uma legalidade própria que não leva em consideração o ordenamento jurídico das sociedades onde se insere; mas, da mesma forma, ficará bem claro que apenas uma instância de âmbito supranacional como é a União Europeia é dotada da suficiente força para impor a sua vontade e forçar a «toda poderosa» FIFA – e o seu braço europeu, a UEFA – a aceitar essa mesma legalidade comunitária, coisa até aqui nunca alcançada individualmente por nenhum dos Estados da comunidade internacional cujas federações estão inscritas nas Federação Internacional.

Written by Joao Pedro Dias

21 Março 2006 às 5:09 pm

Publicado em Uncategorized

Deixe um comentário